Um dos grandes debates no evento em Porto Alegre é o investimento de risco – tema está em alta no ecossistema de inovação brasileiro após a crise de acesso ao dinheiro dos últimos anos. / Foto: Divulgação
[PORTO ALEGRE, 20.03.2024]
Redação SC Inova, com informações da Assessoria de Imprensa
A terceira edição do South Summit Brazil começou nesta quarta-feira (20) em Porto Alegre (RS) reunindo visitantes de aproximadamente 50 países, entre startups, investidores, corporações e público em geral. As boas-vindas foram dadas por José Renato Hopf, presidente do South Summit Brazil, e María Benjumea, fundadora do South Summit na Espanha em 2012, além do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo e Jorge Audy, presidente do Conselho de Honra do South Summit Brazil e vice-presidente de inovação e desenvolvimento da PUCRS/Tecnopuc. O Governo do Rio Grande do Sul é correalizador do South Summit Brazil, assim como a IE University.
Um dos grandes debates no evento é o investimento de risco em empresas inovadoras – e o tema está em alta no ecossistema de inovação brasileiro, principalmente após a crise de acesso ao venture capital dos últimos anos. Para especialistas de empresas como Siguler Guff, Julius Baer Family Office e IFC World Bank, a questão é complexa, mas alguns pontos dizem que ir às compras de ativos de startups agora pode ser um bom negócio, porque o valuation das empresas está menor, nos diferentes estágios de investimento, como pré-seed, seed e até em rodadas como como série A. As três instituições, que participaram de painel dedicado ao tema no primeiro dia do South Summit Brazil, atuam no país alocando capital em fundos de investimentos que já operam no ecossistema local.
Carlos Renato Moreno de Almeida, senior investment officer do IFC World Bank, destaca que os valuations das startups entre 2020 e 2022, ainda em um cenário de pandemia, davam a impressão de que era caro investir em startups no Brasil. Para ele, é preciso analisar o atual cenário, em que as empresas estão com valores de ativos mais ajustados com a realidade deste momento. “Quando você pensa num valuation de venture capital você tem que pensar daqui pra frente”, frisou. A opinião do executivo tem o peso do IFC, braço financeiro do Banco Mundial no setor privado, no qual ele lidera a parte de investimentos alternativos para a América Latina. Só no ano passado, o grupo investiu cerca de R$ 35 bilhões, sendo de R$ 1.5 bilhão a R$ 2 bilhões de reais por ano alocados no Brasil. Desse montante, cerca de R$ 800 milhões/ano são aplicados diretamente em VC.
“Pagar um valuation alto na entrada vai acabar resultando em uma saída com um retorno razoável só num eventual IPO da empresa. Para isso tem uma série de variáveis, se o IPO pode acontecer ou não aqui no Brasil por tudo o que acontece na macroeconomia e que está fora do nosso controle”, complementa.
A análise foi acompanhada por Cesar Collier, managing partner da Siguler Guff), que ainda complementou os percentuais de ajustes nos valuations das startups: no estágio Seed, por exemplo, atualmente está 30% menor que os anteriores, que chegavam a alcançar R$ 100 milhões; em Séries A, a queda foi ainda maior, de 50% dos valores antes praticados, entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões.
“ESSA É A HORA DE IR ÀS COMPRAS”
Cesar Collier, do Singular Guff, grupo que já alocou US$ 3 bilhões no Brasil, reforçou que, com os valuations em declínio, este é o momento ideal para investir. “Tem uma frase famosa no meio corporativo que é ‘compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos’. Estamos no momento dos canhões. Nós já somos investidores de Late Stage e estamos olhando ativamente (com seis fundos no nosso pipeline), observando uma maturidade muito interessante do Brasil. Essa é a hora de ir às compras”, reforça.
O BRASIL NA VISÃO DOS INVESTIDORES DE FORA
Sobre o Risco Brasil, os especialistas se mostram otimistas. Para Cesar Collier, “a China está cancelada” quando o assunto é capital de risco como classe de ativos, porque houve queda de 30% na alocação de VC no país asiático. Esse movimento está fazendo com que os recursos abasteçam mercados emergentes como Índia e Brasil. Mas, ainda é preciso que o Brasil saiba explorar seus potenciais de atração de negócios melhor.
Segundo ele, quando os investidores olham o mercado de forma macro, a Índia se destaca por estar com uma economia crescente e passando por reformas nas leis, entretanto, enfrenta muitos desafios como a variedade de línguas e o perfil das empresas do país. “A Índia possui mais de 20 bolsas de valores, com sete mil empresas abertas em três dessas bolsas. Ou seja, as empresas pulam VC e private equity, mas não têm liquidez na bolsa. Isso é o contrário do que a gente vem fazendo”, explica.
Para Andrew Handcock, o brasileiro tem um vício de falar mal do seu próprio ambiente, mas é um dos únicos países no mundo capaz de reunir empresas, governos, empreendedores e investidores sem tanta burocracia e com oportunidades reais de fechar bons negócios em tempo recorde. “Somos um país extremamente aberto a investimento estrangeiro, conseguimos a disruptura da indústria financeira em dois anos com nossas fintechs e temos muitas verticais em crescimento”, ressalta.
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