Nuvem se torna elemento-chave na estrutura de TI com previsão que tráfego das novas conexões chegue a 1,5 milhão de petabytes até 2026. / Foto: Ian Battaglia, Unsplash
[30.11.2021]
Por Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
A conclusão do leilão das frequências da quinta geração da telefonia móvel (5G) no início do mês de novembro tem fomentado posicionamentos otimistas de diversos setores da sociedade, sejam entidades públicas ou privadas. A leitura preponderante é que a baixa latência aliada ao aumento da capacidade de conexão simultânea, o que cria um cenário perfeito para a massificação da Internet of Things (IoT) e dos projetos de cidades inteligentes, será um marco tecnológico, econômico e social quando estiver em pleno funcionamento no Brasil.
De fato, os números relacionados a este novo momento das telecomunicações não são modestos. Por isso mesmo alguns chamam a atenção, como o 1,5 milhão de petabytes que circularão entre dispositivos por meio das novas frequências a serem exploradas pelas operadoras de telefonia vencedoras do certame. Ainda que a soma inclua uma previsão global feita pela consultoria Juniper Research, ela ajuda a reforçar a imagem de que as organizações brasileiras precisam de estratégias e ações que impeçam congestionamentos de tráfego diante de tal crescimento.
Conforme o relatório, é fundamental que as empresas incluam a virtualização de funções da rede a fim de reduzir a tensão da infraestrutura decorrente do aumento de tráfego com a adoção do 5G, pois os desafios para atender à demanda serão crescentes e frequentes. A receita auferida com serviços oferecidos sobre a nova tecnologia deve superar os US$ 600 bilhões até 2026 diante do aumento do consumo de jogos móveis e realidade imersiva.
Para o especialista em armazenamento na nuvem Marcos Stefano, CEO da Armazém Cloud, o crescimento no volume de dados impacta diretamente na capacidade de armazenamento e processamento dessas informações, o que não é uma realidade de muitas empresas e instituições públicas. “A necessidade constante de resfriamento de servidores, decorrente das condições climáticas brasileiras, além dos custos elevados de implantação da infraestrutura, reforçam a importância de que os empreendedores e gestores públicos pensem cada vez mais em serviços como o DCaaS”, diz o executivo da empresa que conta com uma rede interligada de data centers.
O avanço da nuvem como elemento-chave da infraestrutura de TI está fundamentada na previsão da consultoria IDC, que aponta que os gastos com Infraestrutura e Plataforma as a Service (IaaS e PaaS) em nuvem pública no Brasil devem atingir US$ 3 bilhões, uma alta de 46,5% em relação ao ano passado; ao crescimento previsto para este ano na nuvem privada, de US$ 614 milhões; e principalmente às nuvens privadas como serviço (DCaaS), que terão crescimento de 15,5% na comparação com o momento deste segmento no ano de 2020.
O estudo aponta que mais da metade das empresas ouvidas afirmam que estão executando ambientes críticos, o que demonstra a necessidade por uma evolução baseada em cloud.
VIABILIDADE TÉCNICA PARA IMPLANTAÇÃO DE CIDADES INTELIGENTES
Nos últimos anos, a oferta de serviços públicos por meio de plataformas digitais – sites ou aplicativos – e a eliminação da necessidade de deslocamento do cidadão até os órgãos públicos deu novo alento à esperança de que os governos digitais tornem-se realidade em todas as esferas administrativas. É verdade que ainda há muito por fazer, como a integração completa de bases de dados estaduais, por exemplo, mas a possibilidade de tráfego rápido de informações por meio das redes celulares de quinta geração deve contribuir, inclusive, com a construção de políticas públicas.
Até 2026, o Brasil deve ter mais de 200 milhões de celulares operando em 5G. Cada aparelho abre a possibilidade de apuração de dados – com a devida observação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) -, geração de relatórios e acompanhamento de atividades que podem ser utilizadas pelos gestores públicos a fim de aproximar os cidadãos das instituições.
Além das inovações tradicionalmente associadas às cidades inteligentes – como a melhoria da segurança por meio do controle eficiente da iluminação pública à distância, do monitoramento de cheias com sensores nas redes pluviais e incrementos na mobilidade urbana -, é possível esperar ganhos no tempo de tramitação de processos burocráticos e transparência no relacionamento com os públicos.
“Dessa forma, é importante que as empresas de diversos setores e instituições governamentais contem com estruturas resilientes como data centers baseados na nuvem”, diz Stefano. Seria um desperdício o não processamento de informações tão importantes para o aperfeiçoamento da vida nas cidades brasileiras por conta do estrangulamento da capacidade da infraestrutura existente hoje, sobretudo numa época em que é possível contar com as soluções ‘as a service’, muito mais otimizadas técnica e financeiramente que estruturas locais”. Para ele, os pontos centrais dessa transformação são os data centers, que devem estar adequados ao aumento da demanda com alta disponibilidade, suprimento energético excelente, flexibilidade e escalabilidade.
Para alguns especialistas, a adoção de projetos desse tipo será uma necessidade diante da tendência de que 70% da população mundial esteja vivendo em cidades até 2050. A conclusão é de que as cidades inteligentes percam a condição de “sonho futurista” e tornem-se uma condição sine qua non para a gestão dos espaços, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos ao proporcionar um ambiente mais fácil para fazer negócios, oferecendo mobilidade inteligente e viabilizando um mapeamento estatístico eficaz que sustente a elaboração de políticas públicas inclusivas e de resultado, entre outros avanços.
“O 5G é uma oportunidade para que o Brasil supere dificuldades históricas de conexão relacionadas à suas dimensões continentais e protagonize uma agenda de alto nível em prol da economia, olhando para as oportunidades que a tecnologia traz para aplicações como telemedicina, agro 5.0, smart cities, indústria 4.0, entre outros”, finaliza Stefano.
Conteúdo produzido para Armazém Cloud
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