Há vagas: setor de TI de SC projeta 100 mil postos de trabalho até 2025

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Há vagas: setor de TI de SC projeta 100 mil postos de trabalho até 2025

Expansão é de 44,3%, aponta pesquisa realizada pela ACATE e Instituto Mapa, apresentada ontem (09) em Florianópolis.

Expansão é de 44,3%, aponta pesquisa realizada pela ACATE e Instituto Mapa, apresentada ontem (09) em Florianópolis. Resultado deve-se à necessidade das empresas em melhorar o desempenho com uso de tecnologia, diz o vice-presidente de Talentos Moacir Marafon. / Foto: Divulgação


[FLORIANÓPOLS, 10.05.2023]
Por Carla Pessotto, especial para Agência SC Inova

A retração nos postos de trabalho no setor de TI, com as demissões em massa pelas big techs nos últimos meses, é uma questão pontual e não reflete o cenário macro do segmento, especialmente em Santa Catarina. No Estado, a projeção é a de ultrapassar a marca de 100 mil vagas até o final de 2025, incremento de 44,3% ante às atuais 76,6 mil ativas. Os números compõem o Mapeamento de Vagas 2023, realizado pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e execução do Instituto Mapa, divulgado na terça-feira (09/05).

“A pesquisa anterior – 2021/2023 – demonstrou que o pico de contratação ocorreu em 2021, resultado da pandemia, que exigiu uma transformação digital das empresas para atender as necessidades do isolamento. Em 2022, houve uma desaceleração de crescimento de muitos negócios, principalmente os maiores, mas as pequenas e médias empresas continuam e vão continuar contratando”, afirma Moacir Marafon, vice-presidente de Talentos da ACATE. 

Segundo ele, a expansão está alicerçada na necessidade das empresas em melhorar o desempenho, seja em redução de custos, aumento de produtividade ou de competitividade. “As soluções de TI fazem parte de todas as atividades e são a grande parceira das empresas que buscam eficácia, em todos os setores”. Marafon destaca ainda que a pesquisa, focada somente no ecossistema de TI, não contempla companhias como as grandes redes de varejo, por exemplo, que têm departamentos próprios de soluções tecnológicas e, por isso, as projeções podem ser ainda mais positivas. 

Um dos avanços do 2º mapeamento, em relação ao primeiro, é o alcance da pesquisa: foram entrevistadas 443 empresas, de todos os portes, das seis mesorregiões catarinenses. Com isso, segundo Marafon, foi possível alcançar um maior refinamento dos dados coletados, com amostras mínimas que reduzem a margem de erro e trazem um cenário mais real. “Temos um diagnóstico que nos permite entender as demandas regionais por perfis específicos de profissionais”. 

DEVS: MAIS DE 14 MIL VAGAS ATÉ 2025

A Grande Florianópolis lidera a projeção de demanda, com a previsão de criação de 18,1 mil novos postos entre 2023 e 2025, seguida Vale do Itajaí (6,5 mil vagas), Oeste (4,2 mil), Norte (2,2 mil), Sul (2,1 mil) e Serra (cerca de 1 mil). 

Entre os profissionais mais procurados está o desenvolvedor, com expectativa de abertura de 14,3 mil vagas até 2025. Apenas neste ano, o saldo deve ser de 4,7 mil. Outras funções são analista de negócios (1,9 mil), gestor de projetos (1,7 mil), analista e cientista de dados (3 mil), designer de produtos (1,5 mil), analista de controle de qualidade (1,3 mil), analista de aplicação e infraestrutura (1,1 mil), administrador de banco de dados (1 mil), agile na área de scrum master (909), consultor de segurança da informação (839), cloud engineer (820) e analista de processos (678) e outros cargos (358).

A inteligência artificial impacta a geração de vagas? “Temos que ter em mente que as pessoas não estarão desempregadas e, sim, não terão empregabilidade”, pensa o VP de Talentos, Moacir Marafon. / Foto: Campaign Creators (Unsplash)

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

São dados como esses que estão orientando o planejamento da ACATE na formatação de projeto de parcerias que colaborem para a redução do gap entre a demanda e a oferta de profissionais qualificados. “Conseguimos expandir o número de parceiros engajados em nossas iniciativas e estamos prospectando novos, mas agora com foco maior no atendimento do que as empresas necessitam”, explica Marafon. 

Para as ações, foi estabelecida a Jornada de Formação, matriz com quatro objetivos definidos: despertar (despertar e gerar atividade de formação), primeiros passos (formação básica), profissionalizar (formação especializada) e aperfeiçoar (formação em tecnologias emergentes), para contemplar todo o percurso. Em 2021, foram 4.926 talentos impactados, número que subiu para 9.985 em 2022 e deve superar os 10 mil esse ano.  A ideia aqui, segundo Marafon, é a de que a tecnologia é altamente dinâmica, se renova a cada seis meses, e não é possível esperar que o profissional passe quatro ou cinco anos em um curso superior para só então ir para o mercado de trabalho. 

Nesse contexto, são mais de 15 iniciativas como DEVinHouse, Entra21 e Floripa Mais Tec (esse, com segunda chamada já prevista), voltados à formação mais específica. Mas há ainda o Comitê para a Democratização da Informática (CDPI) que, entre as ações, desenvolve projetos em escolas municipais de Florianópolis para a criação de aplicativos. 

Essa é a iniciativa que Marafon inclui como “alfabetização digital”, a necessidade de preparar gerações atuais e futuras para a revolução tecnológica que está acontecendo a partir da inteligência artificial (IA). “Com certeza, a IA vai acabar com muitos postos de trabalho, mas irá criar muitos outros, só que com outro perfil de profissional”, argumenta. “Temos que ter em mente que as pessoas não estarão desempregadas e, sim, não terão empregabilidade”. 

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