Economia e sociedade do futuro: por que desenvolver hubs de inovação

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Economia e sociedade do futuro: por que desenvolver hubs de inovação

Além de ajudar a resolver graves problemas urbanos, hubs de inovação trazem competitividade às cidades e qualidade de vida à comunidade

Além de ajudar a resolver graves problemas urbanos (como poluição, mobilidade e violência), o desenvolvimento de ambientes de inovação traz competitividade às cidades e qualidade de vida à comunidade. / Foto: Muriel Donzellini (Unsplash)


[20.05.2025]
Por Redação Ecosystems.Builders

Na era da economia digital e da pós-industrialização, ganham força as cidades e regiões que se transformam em ambientes de inovação tecnológica e social. O antigo paradigma que forjou nossas metrópoles – a criação de distritos industriais, as áreas específicas para empresas de comércio e serviços, os bairros afastados da região central (subúrbios) e as cidades-dormitório – está agora na contramão da economia e da sociedade do século XXI. 

A crise da mobilidade, a poluição e a desigualdade sócio-econômica que alimenta a violência nas grandes e médias cidades ainda será a realidade de muitas gerações até que o mindset de desenvolvimento seja repensado para atender às principais demandas da sociedade contemporânea: mais qualidade de vida e tempo para conviver com a família e amigos; deslocamentos menores e em modais de transporte mais sustentáveis; além da capacidade de trabalhar e estudar em qualquer lugar (anywhere office), ou seja, conectividade e alguma estrutura para pessoas e pequenos grupos trocarem ideias e cumprirem com suas demandas diárias.

Todas essas características estão presentes nos bem-sucedidos ambientes de inovação e tecnologia que se desenvolveram ao longo das últimas décadas e que ajudam a consolidar cidades e regiões como smart spaces. Mas o que são, de fato, ambientes de inovação e como eles melhoram as condições sociais e econômicas onde estão instalados?

Um “ambiente de inovação” é um conjunto de condições, características e elementos presentes em um determinado local que favorecem o desenvolvimento e a implementação de práticas inovadoras. O foco está na atmosfera interna que estimula a criatividade e a implementação de novas ideias: seja em uma empresa consolidada, uma startup, uma entidade associativa ou uma instituição de ensino, qualquer ambiente de inovação deve ter em seu DNA diretrizes como:

  • Colaboração entre equipes
  • Cultura organizacional bem definida
  • Lideranças inovadoras e inclusivas
  • Acesso a tecnologias emergentes
  • Políticas de incentivo à inovação 
  • Espaços de bem-estar e descompressão

Fazendo uma analogia com o ambiente de tecnologia, vamos pensar no “hardware” e no “software”. O “hardware” é o ambiente construído, os espaços físicos propriamente ditos. Isolada, uma construção não é inovadora. Mas pode ser construída e desenvolvida para ser desta maneira. É como seu celular: sem os apps, sua função é quase primitiva. É aí que entra a “alma” dos ambientes de inovação, o “software”. 

Vamos considerar como “software” de um ambiente de inovação os programas, projetos, produtos e serviços que são desenvolvidos nestes espaços. Em termos práticos, estamos falando de centros e laboratórios de inovação, coworkings, aceleradoras, incubadoras, agências de fomento e acesso a capital, núcleos de tecnologia, espaços maker, além de uma infraestrutura inteligente para potencializar a ocupação desse espaço: áreas de convivência, serviços, bons restaurantes e bares, áreas para atividades físicas – e também, por que não, ambientes pet friendly

ESTRUTURAS QUE COMPÕEM AMBIENTES DE INOVAÇÃO:

– Laboratórios de inovação aberta (open innovation);
– Incubadoras e aceleradoras de startups;
– Instituições de fomento (capital)
– Entidades associativas
– Espaços de trabalho compartilhados (coworkings)
– Facilities: empresas de serviço, alimentação, bares 
– Núcleos de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento 

Complexo do Ágora Tech Park, em Joinville (SC): indutor de inovação e conexões em uma das principais economias da região Sul do Brasil. / Foto: Divulgação

AMBIENTES DE INOVAÇÃO MUDAM CIDADES

Na visão de Jorge Audy, um dos maiores especialistas brasileiros no tema, estes ambientes de inovação surgem como uma solução interessante para o desenvolvimento urbano: “diversas cidades no mundo têm adotado esses conceitos para revitalizar áreas degradadas, transformando o seu panorama (brownfield). Em alguns casos a aplicação desses conceitos ocorre do zero, em áreas ainda não ocupadas (greenfield). As smart cities, que buscam soluções para seus problemas e geram novas oportunidades, têm as pessoas, com seus talentos e capacidades, como ferramentas para melhorar a qualidade de vida desses locais”.

Esses novos ambientes, destaca Audy (que foi presidente de entidades como Anprotec e IASP América Latina, que representam parques tecnológicos e empreendimentos inovadores) “refletem o fato das cidades estarem se tornando nodos de uma rede global, que busca adaptar a vida urbana ao contexto da sociedade e da economia do conhecimento. Os espaços urbanos atraem pessoas e geram oportunidades, que, por consequência, promovem o desenvolvimento socioeconômico da população e a melhoria da qualidade de vida”.

Um exemplo concreto desse movimento pode ser observado em Joinville (SC), com a consolidação do Ágora Tech Park como um ambiente que conecta inovação, território e desenvolvimento. Instalado no Perini Business Park, o Ágora é um complexo de quatro prédios, onde rodam iniciativas voltadas à formação de talentos, empreendedorismo, pesquisa aplicada e inovação aberta. Ao sediar entidades-chave do ecossistema local e apoiar a criação de novos laboratórios e programas, o parque amplia o alcance das políticas de inovação e cria oportunidades reais para quem vive e empreende na região.

No Paraná, um novo projeto começa a ganhar forma com ambições semelhantes: o PARC Autódromo, em Pinhais (PR). Com localização estratégica na Grande Curitiba, o projeto está sendo concebido como um campus urbano inteligente e integrado, unindo habitação, trabalho, lazer e tecnologia. Inspirado em modelos internacionais, o PARC pretende unir inovação, mobilidade, sustentabilidade e bem-estar em um só ecossistema.

Desenvolver um ambiente de inovação exige, além de recursos, visão, tempo e consistência. E, acima de tudo, exige entender que a cidade não é apenas um território físico, mas uma rede viva de relações, memórias, fluxos e possibilidades.

Criar um hub de inovação é, antes de tudo, construir uma narrativa territorial de futuro.