A transição energética exige que empresas invistam em soluções reais e escaláveis, conectadas à realidade dos territórios. / Foto: Nathan Dumlao (Unsplash)
[06.08.2025]
Por Gabriela Werner, diretora e cofundadora do Impact Hub Floripa
Não há dúvidas de que a transição energética é um dos principais desafios da atualidade. Afinal, o setor de energia representa 21% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil e 70% no mundo, de acordo com o relatório “Caminhos para o plano de transformação ecológica do Brasil”, do Instituto Aya. Diante da emergência climática e de uma crescente pressão regulatória, soluções concretas, aplicáveis e escaláveis são uma necessidade e uma oportunidade.
Ainda assim, existe um desalinhamento entre os investimentos obrigatórios em Pesquisa e Desenvolvimento e os impactos reais percebidos na sociedade e no meio ambiente.
Hoje, muitas empresas do setor elétrico e energético são obrigadas por regulação a investir parte de seus recursos em Pesquisa e Desenvolvimento. Mas o que vemos é que uma parcela significativa desses recursos permanece restrita ao universo acadêmico ou técnico.
São projetos que, apesar de valiosos em sua concepção, não encontram caminho para chegar ao mercado e, portanto, não geram transformação concreta. A inovação, nesse modelo, fica no papel.
Foi a partir dessa inquietação que lançamos, no Impact Hub, a Iniciativa Internacional de Energia e Clima: um programa que pretende romper com esse ciclo improdutivo e criar pontes sólidas entre laboratório, mercado e território. O objetivo é apoiar soluções com potencial real de transformação, conectando empresas, startups, pesquisadores e investidores em uma jornada estruturada e estratégica.
Essa jornada se sustenta em três pilares. O primeiro é a identificação de soluções promissoras em todas as regiões do Brasil. Por meio de um roadshow nacional, buscamos sair das bolhas tradicionais e encontrar iniciativas inovadoras, muitas vezes invisibilizadas, mas profundamente conectadas às realidades locais.
O segundo é o apoio técnico e estratégico robusto. As soluções selecionadas passam por mentoria com especialistas reconhecidos, articulação com investidores desde o início e acesso a programas como Sebraetec e EMBRAPII, além de indicadores claros de impacto, como redução de emissões e economia circular, e promovemos uma imersão internacional em Viena, referência global em inovação energética.
O terceiro pilar é a infraestrutura e governança compartilhada. A sede da iniciativa será no Centro de Inovação ACATE, em Florianópolis, com espaço físico dedicado aos projetos, showroom de indicadores, boardroom estratégico e encontros periódicos de governança. Tudo isso ancorado na produção contínua de inteligência coletiva para o setor.
Essa iniciativa é um convite: repensar como investimos em Pesquisa e Desenvolvimento, como tiramos projetos do papel e como aproximamos a sustentabilidade da prática. Em vez de inovação centralizada e distante, propomos uma rede viva, conectada ao território e às urgências do nosso tempo.
A transição energética não pode esperar. E ela não será feita apenas com boas intenções ou relatórios técnicos, mas com articulação, coragem e colaboração. Quando a gente se junta, o impacto é gigante. E agora é hora de juntar forças para transformar energia em futuro.
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