Especialistas no modelo de gestão que é sucesso no Vale do Silício destacam a importância desta metodologia para empresas inovadoras
Uma das metodologias que mais tem chamado a atenção de empresas ligadas à área de tecnologia e inovação é o modelo de Objective and Key Results (OKRs), um framework que define um objetivo principal de médio/longo prazo a ser conquistado e alguns resultados-chave que são medidos durante o processo (em geral a cada três meses) para avaliar o quão perto ou longe da meta a empresa está.
Criado pela Intel na década de 1970 e impulsionado nos últimos anos pelas empresas de tecnologia do Vale do Silício, as OKRs se tornaram um termo cada vez mais presente na gestão de startups e empresas ágeis do ecossistema de inovação de Santa Catarina, especialmente a partir dos últimos dois anos. O aumento desta demanda levou duas empresas catarinenses que atuam com OKRs, a Coblue e a VEC, a criarem o OKR Day, que acontece no dia 21 de novembro na Softplan, em Florianópolis, e que vai explicar a metodologia para as empresas locais e ajudar a construir objetivos e resultados consistentes.
“Queremos ajudar os empreendedores a definir, mensurar e alcançar metas ambiciosas”, explica Miguel Rivero Neto, diretor executivo da VEC Consultoria, com sede em Florianópolis e que já capacitou cerca de 2 mil pessoas e implantou a metodologia em mais de 40 empresas e entidades. A Coblue, startup fundada em 2014 na cidade de Itapema (SC), desenvolveu um software de gestão de OKRs que já é utilizado por mais de 100 empresas, como Leão (Coca Coca), Recovery (Itaú), Braspag (Cielo), entre outras.
Nesta entrevista para o SC Inova, Miguel e George falam sobre suas experiências no desenvolvimento de OKRs e como esta ferramenta começa a trazer resultados para as empresas.
SC INOVA – Por que esta metodologia é importante para as empresas? Que tipo de ganhos elas obtém usando OKRs?
George Eich – O mercado se transforma em uma velocidade impressionante, nunca foi tão difícil criar planejamentos que acompanham as mudanças na mente do consumidor. Os OKRs permitem que as empresa se adaptem a esse cenário, pois são criados em ciclos mais curtos dando flexibilidade à gestão. OKR é um modelo de gestão orientado a resultados, logo, teremos sempre a mensuração de performance – ao contrário do que acontece com os métodos que medem esforço, muito comuns, que dificultam o entendimento do progresso da empresa, uma vez que podemos executar muitas coisas e mesmo assim isso não gerar resultados.
O engajamento também é outro benefício e ele começa na construção colaborativa dos OKRs, onde todos vão passar a entender aonde a empresa pretende chegar e como pretende mensurar este progresso. Com base nisso, as áreas podem construir seus OKRs de modo a deixar claro como pretendem contribuir para o total, assim teremos uma empresa alinhada e engajada com objetivos comuns e compartilhados.
Miguel Rivero Neto – OKRs tiram as empresas da zona de conforto, energizam as pessoas. OKRs dão cadência, foco ao trabalho e fazem a estratégia sair do papel. Engajam as pessoas e permitem que as empresas alcancem a sua visão.
SC INOVA – Como você avalia o grau de maturidade das empresas inovadoras locais com relação a gestão de indicadores?
George Eich – As startups estão muito alinhadas com o que acontece no resto do mundo e principalmente no Vale do Silício (EUA), então já nascem entendendo o valor de um modelo de gestão orientado a resultados, mensurando indicadores claros para cada fator crítico de sucesso da empresa.
Miguel Rivero Neto – Santa Catarina tem algumas das mais inovadoras empresas do país, além de um ecossistema muito dinâmico. Um ambiente com estas características é propício para as empresas trabalharem com indicadores (KPIs – indicadores-chave de performance) e OKRs. Estamos amadurecendo muito nos últimos anos. As startups já nascem com o modelo mental data driven (guiado por dados) e as grandes estão repensando seu modelo de gestão para ter a mesma agilidade das pequenas. E os OKRs vem ajudando as empresas a evoluírem nestes desafios com muita consistência.
SC INOVA – O que pode ser melhor?
George Eich – Buscarem entender e executar os seus respectivos propósitos. Mensurar resultados é fundamental, mas as pessoas não acordam pela manhã na segunda feira motivadas a atingir um EBITDA de X%. Então vincular propósitos e resultados é a melhor maneira de motivar as pessoas e consequentemente garantir mais performance.
SC INOVA – Porque fazer um evento como o OKR Day? Que dores do mercado e das empresas uma iniciativa dessas pretende resolver?
Miguel Rivero Neto – Nós, VEC e Coblue, percebemos que muitas empresas de Santa Catarina tem interesse no tema, mas tem dificuldades em entender a metodologia e principalmente construir objetivos e resultados-chaves de forma consistente. Criamos o evento OKR Day para proporcionar uma imersão no tema e ajudar as empresas a construir esta metodologia na prática, apoiando-as com mentorias específicas. Queremos ajudar nossos empreendedores a definir, mensurar e alcançar metas ambiciosas.
George Eich – Nós acreditamos em aprendizado pela prática e por trabalharmos com um modelo lean de gestão também procuramos construir, testar e recriar constantemente o que estamos fazendo. Nossa proposta com este evento é gerar conhecimento seguindo exatamente estes valores.
A ideia é compartilhar conhecimentos em fast talks que são apresentações mais rápidas de cada conceito e incentivar as equipes a construírem seus OKRs. Os participantes terão mentorias com especialistas para entender os fatores que têm mais influência no seu negócio. A experiência da mentoria é muito rica por que cada empresa implanta os OKRs de acordo com sua cultura e os mentores ajudam a trazer estes questionamentos. Queremos que as empresas discutam suas estratégias, propósitos, criem seus OKRs e pensem em como estão gerando alinhamento entre as diferentes áreas da organização
A principal dor que podemos resolver com o OKR é a falta de alinhamento. O evento é um dia pra tirar as pessoas do escritório e incentivar essa discussão sobre estratégia e colaboração na organização. Os objetivos e resultados criados no evento com certeza darão mais foco as equipes que entenderão seus trabalhos não só pautados pelas tarefas que escutam mas sim por resultados que realmente impactam nos negócios.
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