[DIÁRIOS DA IA] O futuro dos agentes de IA: uma nova era de singularidade tecnológica

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[DIÁRIOS DA IA] O futuro dos agentes de IA: uma nova era de singularidade tecnológica

Os agentes de AI podem remodelar a sociedade. Mas o futuro não será de controle absoluto por gigantes globais nem de fragmentação desordenada

Assim como a eletricidade e a internet, os agentes de AI têm o potencial de remodelar a sociedade. No entanto, o futuro não será de controle absoluto por gigantes globais nem de fragmentação desordenada. / Imagem: DALL-E/SC Inova


[20.01.2025]

Por Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis e um dos responsáveis pelo Conselho Mudando o Jogo (CMJ) em SC e RS. Escreve sobre inteligência artificial no ambiente corporativo na série “Diários de IA”. 

Desde o surgimento da eletricidade, passando pela revolução industrial até a internet, a história humana tem sido marcada por avanços tecnológicos que inicialmente transformaram nichos e, posteriormente, reorganizaram sociedades inteiras. 

Os agentes de inteligência artificial (AI agents) estão prestes a inaugurar um novo capítulo nesta evolução, com implicações tão profundas quanto a invenção do motor a vapor ou do transistor.

Mas qual será a forma desse futuro? A história das tecnologias passadas sugere cenários possíveis, e cabe a nós interpretá-los para construir estratégias que moldem um mundo melhor.

A HISTÓRIA COMO GUIA PARA O FUTURO DOS AGENTES DE AI

1. A Era das Tecnologias Centrais

Exemplos Históricos: Eletricidade, telefonia, internet: Essas inovações foram inicialmente centralizadas, com poucos atores dominando o mercado. A eletricidade começou com geradores locais, mas logo foi dominada por redes centralizadas e empresas monopolistas, como a General Electric. A internet, inicialmente descentralizada, foi progressivamente estruturada em torno de grandes players globais (Google, Amazon, Facebook).

Paralelo Atual: Os agentes de AI, como os vistos no AI Agents Directory, estão em sua fase inicial de fragmentação. Há uma proliferação de soluções específicas para nichos, mas também plataformas generalistas (como OpenAI e Anthropic) que já demonstram potencial para consolidar o mercado em torno de ecossistemas centrais.

2. A Era das Tecnologias de Massificação

Exemplos Históricos: Computadores pessoais, smartphones: Uma vez desenvolvidas, essas tecnologias foram adaptadas para uso em massa, com fabricantes e desenvolvedores criando produtos que equilibram generalidade e acessibilidade. A Apple e a Microsoft são ícones dessa era: sistemas como o Windows e o iOS massificaram a computação e abriram espaço para customização.

Paralelo Atual: Os agentes de AI podem estar na trajetória de se tornarem “assistentes universais”. Assim como sistemas operacionais, eles poderiam ser plataformas para que empresas construam aplicações específicas. No entanto, assim como os sistemas de smartphones divergem em funcionalidades (Android e iOS), agentes generalistas e especializados coexistirão.

3. A Era das Tecnologias Especializadas

Exemplos Históricos: Aviação, medicina, biotecnologia: Essas indústrias se desenvolveram em torno de necessidades altamente técnicas e regulamentadas. A aviação, por exemplo, é segmentada em fabricantes (Boeing, Airbus), companhias aéreas e sistemas de tráfego aéreo. A biotecnologia evoluiu com foco em terapias específicas, criando mercados segmentados com alta barreira de entrada.

Paralelo Atual: A especialização nos agentes de AI será inevitável em setores como saúde, jurídico e financeiro, onde regulamentações e requisitos éticos exigem soluções sob medida. Agentes que compreendem contextos específicos, como a regulação da LGPD no Brasil, terão um papel essencial nesses setores.

EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS DO PASSADO E O MOMENTO ATUAL

Fase de Disrupção

  • Internet: Inicialmente, uma rede descentralizada para acadêmicos e militares.
  • AI Agents: Hoje, uma ferramenta explorada por pioneiros, ainda em busca de casos de uso massivos e consistentes.

Fase de Consolidação

  • Computadores: Da fragmentação inicial para uma estrutura dominada por Windows, Apple e Linux.
  • AI Agents: Empresas globais estão construindo ecossistemas interoperáveis. É provável que plataformas dominem a base, permitindo especialização a partir de APIs abertas.

Fase de Democratização

  • Smartphones: Alta acessibilidade através de custos reduzidos e interfaces amigáveis.
  • AI Agents: Um agente universal, com interfaces intuitivas e baixo custo de entrada, poderá surgir, mas sua eficiência dependerá da capacidade de personalização para atender a necessidades locais e específicas.

OS CAMINHOS POSSÍVEIS: SINGULARIDADE, FRAGMENTAÇÃO OU HIBRIDISMO?

Modelo de Singularidade: Uma ou poucas plataformas dominam, criando “ecossistemas” universais de agentes.

  • Prós: Escalabilidade, interoperabilidade global, custos reduzidos.
  • Contras: Monopolização, limitações para atender a necessidades locais e específicas.

Modelo de Fragmentação: Nichos especializados prosperam com agentes sob medida.

  • Prós: Adaptabilidade a necessidades específicas, foco em qualidade.
  • Contras: Baixa escalabilidade, altos custos para desenvolvimento.

Modelo Híbrido (Cenário Mais Provável): Plataformas generalistas fornecem a infraestrutura, enquanto empresas e empreendedores constroem soluções especializadas sobre elas.

  • Prós: Combina escalabilidade com personalização, aproveitando o melhor de dois mundos.
  • Contras: Requer um equilíbrio cuidadoso entre padronização e inovação.

QUAL O CENÁRIO MAIS PROVÁVEL?  O HÍBRIDO

  • História como Referência: Sistemas como a internet e a nuvem mostram que infraestruturas generalistas tendem a emergir como padrão, mas nichos especializados prosperam sobre elas.
  • Economias de Escala e Velocidade de Inovação: As plataformas generalistas possibilitam custos menores e tempos de desenvolvimento mais curtos.
  • Diversidade de Necessidades: Diferentes setores e geografias demandam soluções específicas, o que impulsiona a necessidade de personalização.

COMO EMPRESAS E EMPREENDEDORES DEVEM SE PREPARAR PARA ESTE FUTURO

  1. Invista em Interoperabilidade: Escolha tecnologias que possam se integrar a múltiplas plataformas.
  2. Aposte em Especialização: Setores com alta complexidade regulatória e cultural são ricos em oportunidades.
  3. Crie Redes de Colaboração: Empreendedores devem construir ecossistemas de parceiros para acelerar a entrada no mercado.
  4. Adote uma Cultura de Dados: Dados são o combustível dos agentes de AI. Empresas devem investir em governança e qualidade de dados.

Assim como a eletricidade e a internet, os agentes de AI têm o potencial de remodelar a sociedade. No entanto, o futuro não será de controle absoluto por gigantes globais nem de fragmentação desordenada. 

Será de colaboração e integração: plataformas generalistas criarão as bases para que agentes especializados atendam às necessidades mais complexas da humanidade.

Empresas, empreendedores e governos devem trabalhar para garantir que essa nova era não seja apenas tecnologicamente avançada, mas também inclusiva e adaptada aos desafios éticos e sociais do século XXI.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  • Brynjolfsson, E., & McAfee, A. (2014). The Second Machine Age: Work, Progress, and Prosperity in a Time of Brilliant Technologies. W. W. Norton & Company.
  • Harari, Y. N. (2016). Homo Deus: A Brief History of Tomorrow. Harper.
  • Russell, S., & Norvig, P. (2021). Artificial Intelligence: A Modern Approach. Pearson.
  • Kahneman, D., Sibony, O., & Sunstein, C. R. (2021). Noise: A Flaw in Human Judgment. Little, Brown Spark.