Com 17,7 mil negócios e expansão de 28,4% em 2021, setor de TI catarinense tem o sexto maior faturamento do país, aponta pesquisa ACATE Tech Report divulgada ontem (15). / Foto: Divulgação MIDITEC
[FLORIANÓPOLIS 16.12.2021]
Por Lúcio Lambranho, especial para Agência SC Inova
Entre 2015 e 2020, o número de empresas do setor de tecnologia em Santa Catarina cresceu 63,2%, o maior aumento do país neste segmento econômico no período. Com 17.720 empresas e crescimento de 28,4% no último ano, o ecossistema de tecnologia catarinense também é o sexto maior do país em número de empresas. Entre as capitais, Florianópolis tem a maior densidade de empresas por mil habitantes. O setor de tecnologia de Santa Catarina tem ainda o 6º maior faturamento do país em 2020. São mais de R$ 19,8 bilhões, que representam 6,1% do PIB catarinense.
O estado também ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de produtividade e a receita das empresas catarinenses somou R$ 65,8 mil por colaborador/ano, superando a média brasileira de R$ 56,2 mil. Os dados fazem parte do estudo Tech Report 2021 realizado pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e a Neoway, com apoio da Finep e que foi apresentado em evento online nesta quarta-feira, 15 de dezembro. “A economia catarinense deve crescer 7,5% em 2021, enquanto que o Brasil deve em torno de 5%. E o setor de tecnologia tem crescido acima da média de Santa Catarina”, destaca Iomani Engelmann, presidente da ACATE.
De acordo com os dados do Report, o faturamento total do setor de tecnologia brasileiro foi de R$ 426,9 bilhões em 2020. Esse montante representa 5,6% do PIB do país. São Paulo concentra quase metade (48,4%) do total faturado, com cerca de R$ 206 bilhões. Rio de Janeiro (10%), Minas Gerais (6,3%) e Rio Grande do Sul (5,4%) aparecem na sequência.
Considerando o faturamento total, houve crescimento em todas as mesorregiões do estado. Destaque para o Sul catarinense, que teve expansão de 6,5% de 2019 para 2020, e para o Vale do Itajaí, cujo faturamento total cresceu 5,8%. A Grande Florianópolis concentra quase metade do faturamento do setor (42,5%) e apresentou crescimento de 4,1% em relação a 2019.
O estudo completo está disponível no link https://www.techreportsc.com/
Em relação ao crescimento do número de empresas, Engelmann lembra que a associação tem feito parcerias importantes para apoiar novos negócios do setor. “Esse crescimento é constante no período do nosso estudo. Isso também está muito conectado com iniciativas que temos dentro da ACATE. Temos favorecido muito os programas de iniciação empreendedora do setor juntamente com vários parceiros nossos com grande destaque para o Sebrae, que tem nos ajudado a criar iniciativas para que o empreendedor tenha logo no início da sua jornada, com mentorias, hackathons e eventos”, registra Engelmann.
Para o presidente da ACATE, o setor de tecnologia tem conseguido crescer também de forma estrutural e com isso vem atraindo mais investimentos para Santa Catarina. “2021 vai se encerrar talvez com um recorde de transações financeiras envolvendo empresas catarinenses de tecnologia. Tivemos empresas que tiveram abertura de capital, empresas investidas e adquiridas. O setor deve chegar a um número muito perto de R$ 10 bilhões em transações financeiras envolvendo essas três características”, afirma.
DESAFIO E GARGALO NA MÃO DE OBRA
Os dados do estudo também revelam que o setor tem 67,8 mil trabalhadores e que Santa Catarina é o quarto maior estado em número de colaboradores no setor de tecnologia brasileiro, atrás de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, a média de novas vagas no setor se manteve entre 3 a 4 mil novos trabalhadores, com uma redução dessa média para 2,4 mil em 2020. Já em 2021, o setor acumula um primeiro semestre com mais de 6,3 mil vagas geradas.
Os profissionais de tecnologia de Santa Catarina permanecem como os mais especializados do Brasil, com mais da metade das ocupações In Core (em empresas especializadas do setor). Santa Catarina é ainda o 6º estado do Brasil com maior percentual de alunos do ensino superior em cursos voltados às competências de tecnologia. Foram 65 mil matrículas em 2019, valor que representa 4,4% do total.
Por meio de uma pesquisa de mapeamento de vagas realizada pela ACATE e divulgada em julho em 2021 existiam 4.561 vagas abertas por empresas de tecnologia neste ano. A pesquisa da ACATE também apontou que o número de vagas abertas para profissionais com perfil tecnológico crescerá nos próximos dois anos, sendo estimado 5.364 mil em 2022 e 6.687 mil vagas em 2023. Os DEVs Full-Stack, Back-End e Front-End, segundo a pesquisa da Acate, são as funções mais demandadas pelas empresas catarinenses e representam mais de 50% dos postos indicados como necessários para os negócios.
Diante destes números e apesar dos números positivos no ensino superior, o grande desafio do setor, segundo o presidente da ACATE, é contratar pessoas qualificadas. “Estamos passando por um momento em que nós temos muitas vagas em aberto e a disputa por profissionais qualificados é muito alta. E é até um contrassenso sobre a taxa de desemprego do Brasil, que hoje está em torno de 13%, sendo que em tecnologia estamos com déficit de profissionais. Não existe profissional de tecnologia bem qualificado que possa estar desempregado em Santa Catarina”, aponta Engelmann.
Durante a pandemia, diz o presidente da ACATE, o setor gerou 10 mil novos empregos, segundo o saldo líquido do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) Caged. “Uma coisa que a gente fica bem feliz é que Santa Catarina tem feito um trabalho bem interessante do número de pessoas do ensino superior voltadas às disciplinas de tecnologia. E temos aí um número um pouco preocupante que outros estados não têm seguido essa tendência. Eles não têm conseguido atrair os jovens para o ensino superior, principalmente voltado para as áreas que as empresas de tecnologia precisam”, afirma o presidente da ACATE.
FUNDO GARANTIDOR
No evento online também foi anunciada a parceria entre ACATE e Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S.A. (Badesc) para garantir novas opções de linhas de crédito às empresas associadas via Fundo Garantidor ACATE, com operações de até R$ 150 mil.
O convênio firmado tem a missão de garantir operações de até R$ 150 mil às empresas associadas com faturamento de até R$ 4,8 milhões, por meio das linhas de crédito disponíveis no Badesc. O Fundo ACATE/BADESC garantirá 80% das operações, e 20% serão pelo (FAE) Fundo de Aval Estadual.
Segundo a ACATE, a operacionalização será realizada por meio digital. A empresa associada interessada deve entrar em contato pelo e-mail fundoacate@acate.com.br. Para acessar a linha de crédito, é preciso ser associada da ACATE há mais de seis meses, ter atuação empresarial e faturamento há mais de 12 meses e estar em dia com suas obrigações sociais junto à ACATE, além disso, CNPJ e sócios não podem ter restrição cadastral.
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