Empresa com sede em Florianópolis, com faturamento anual de R$ 10 milhões, se prepara para onda de expansão com novo marco regulatório do mercado livre de energia. Na foto, Cristiano Tessaro (Camerge) e Yusuke Koike (Mizha/Mitsui) / Crédito: divulgação.
[FLORIANÓPOLIS, 05.12.2023]
Redação SC Inova, com informações da Assessoria de Imprensa
Um dos maiores conglomerados empresariais do Japão, a Mitsui & Co., enxergou em uma empresa de pequeno porte de Santa Catarina um oportunidade para entrar no emergente mercado livre de energia brasileiro, que passa por significativas mudanças regulatórias.
Nesta terça (05), a multinacional japonesa (que atua em áreas como energia, infraestrutura, mineração, mobilidade e nutrição, entre outras) anunciou participação minoritária na Camerge, empresa fundada em Florianópolis que oferece serviços de gestão e gerenciamento de energia, incluindo contratação, assessoria regulatória e software de medição online. A empresa, que tem 50 colaboradores, não comercializa energia, trabalhando apenas a gestão, representando Geradores de Energia, Produtores Independentes e Autoprodutores, interagindo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e as distribuidoras locais, facilitando o intermédio das transações.
Para o CEO da Camerge, Cristiano Tessaro, a empresa “ganha visibilidade e também acesso a grandes clientes, com a abertura de portas juntos a novos nichos de atuação. Em um primeiro momento, estaremos focados nas regiões Sudeste e Nordeste, mas queremos expandir por todo o Brasil. Miramos triplicar o número de unidades atendidas já no curto prazo”.
O mercado livre existe no Brasil desde 1996, mas até agora as regras só permitiam a migração de grandes consumidores, com demanda acima de mil kW, ou 500 kW, no caso de fontes renováveis. Em setembro de 2022, o governo federal publicou uma portaria que permite a migração de todos os outros consumidores ligados em alta tensão. Até a metade de setembro, mais de 5 mil consumidores já haviam encerrado seus contratos com as distribuidoras e preparavam a migração para o novo modelo, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Com abrangência nacional, a Camerge já faz a gestão de mais de mil ativos – sendo cerca de 800 unidades consumidoras e mais de 200 ativos de geração – em 18 estados; e, no ano passado, gerenciou 2,3 milhões de MWh, montante que equivale ao abastecimento de mais de 1,2 milhão de unidades consumidoras residenciais. Em 2022, a receita bruta da Camerge ultrapassou o valor de R$ 10 milhões, com 15% de crescimento anual em unidades geridas. Em 2022, a empresa acumulou mais de R$ 1 bilhão em economia na gestão de energia de seus clientes.
BRASIL É ESTRATÉGICO PARA METAS DE DESCARBONIZAÇÃO
“Compartilhamos uma visão de longo prazo para o setor de energia no Brasil. Isso tudo corrobora com os objetivos da Mitsui e com o plano de descarbonização de net zero que temos globalmente para até 2050”, ressalta Yusuke Koike, CEO da Mizha, 100% subsidiária da Mitsui, e que responde como executivo de negócios da multinacional.
O movimento de grandes corporações globais investindo em pequenos negócios é algo pouco comum no ecossistema de tecnologia em Santa Catarina – há casos de aquisições de empresas mais maduras por gigantes (como Accenture/ Pollux e a Cargill/Agriness), mas são raros os casos de participações minoritárias em negócios emergentes. O que pesa, neste caso, é o enorme potencial do mercado brasileiro.
Como resume Noriaki Watanabe, Vice-Presidente Executivo da Ecogen, também 100% subsidiária da Mitsui, “o Brasil é um grande player global nesses quesitos, com mais de 80% da produção de energia elétrica proveniente de geração renovável, e acreditamos que a contribuição para a eletrificação do país será consistente com nossa visão de longo prazo”.
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