No último dia do evento, prefeito Adriano Silva destacou o projeto dos parques públicos instalados em áreas periféricas na maior cidade catarinense. / Fotos: agência SC Inova
06.11.2025
Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br
Direto do Smart City Expo World Congress, em Barcelona (ESP)
Em meio a um evento global dominado por agendas europeias de descarbonização, mobilidade sob demanda e hiperconectividade, as cidades latino-americanas trouxeram ao palco do Smart City Expo Barcelona 2025, que encerra nesta quinta (06), uma perspectiva ancorada na vida real dos territórios: como construir infraestrutura urbana que faça sentido para quem vive nas bordas — e não apenas no centro das metrópoles.
No painel “Quando as cidades pensam: como infraestrutura inteligente transforma a vida urbana”, o prefeito de Joinville, Adriano Silva, apresentou um panorama da maior cidade de Santa Catarina — uma economia robusta, com forte base industrial, bons indicadores educacionais, mas com significativos desafios de infraestrutura.
Com mais de 650 mil habitantes e um dos melhores índices de educação infantil do Brasil (saltando do 19º para o 1º lugar em três anos), Joinville ainda convive com a precariedade em parte do seu território. A cidade acumula cerca de 500 km de vias não pavimentadas, sendo que bairros como o Paranaguamirim 90% das ruas são de terra.
Ao percorrer essas áreas e identificou uma demanda comum: a ausência de espaços públicos de convivência, especialmente para crianças. A resposta veio com o programa dos parques comunitários — passeios públicos construídos no meio das ruas ou entre quadras mal urbanizadas, integrando circulação, lazer e paisagem.
O projeto foi concebido a partir do diálogo direto com associações de moradores e hoje a cidade conta com quatro passeios entregues e outros 19 a serem construídos. A iniciativa vem impactando diretamente a autoestima e o sentimento de pertencimento dos moradores, ao mesmo tempo em que ativa a economia local, gera empregos e aumenta a circulação de pessoas no território.
“Joinville tem emprego, tem renda, mas faltava esse tipo de equipamento social. Estamos aqui em Barcelona para entender como as cidades podem ser realmente feitas para as pessoas. Infraestrutura inteligente não é só tecnologia: é criar espaços que promovam segurança, saúde física, socialização e qualidade de vida”, resume.
CURITIBA ANTECIPA PROJETO CARBONO ZERO 2050
Curitiba, veterana no ecossistema de smart cities e detentora do City Award 2023, marcou presença como a única cidade brasileira com estande próprio no evento e antecipou um ambicioso projeto: o Curitiba Carbono Zero 2050 que terá entre as premissas um novo edital de concessão para o transporte coletivo, priorizando veículos elétricos (o que em Barcelona já é realidade).
A cidade já conta com uma pequena frota em fase de testes, com zero emissões de CO2 e baixíssimo nível de ruído. Essa visão será aprofundada durante a próxima edição do Smart City Expo Curitiba em 2026, que acontece na Arena da Baixada, em março.
Marcelo Fachinello, secretário do governo municipal, sintetizou a visão de desenvolvimento: “o mundo está cada vez mais complexo e as cidades não podem avançar sozinhas. Hoje somos parte dessa rede global de inovação, o que nos impulsiona a particpar de alianças para soluções como digitalização dos serviços e eficiência energética”.
Como destacou a arquiteta Teresa Lodono, secretária de Turismo de Cartagena das Indias (Colômbia), em painel que reuniu representantes de diversas cidades latinoamericanas: “hoje as cidades são o grande movimento do mundo. São os prefeitos que transformam os países. A centralização nos país não resolve os problemas mais básicos da população”.
*O SC Inova está acompanhando o Smart City Expo em parceria com as comitivas do Instituto de Conectividade e Sustentabilidade (iConects) e do UniSENAI, responsável peo MBI em Cidades Inteligentes, em parceria com a FIESC
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