Capitaneado pela Associação Catarinense de Tecnologia, fórum espera reunir, em cinco anos, um total de R$ 1 bilhão para investimento de risco em novos negócios
Se a economia “tradicional” ainda está em marcha lenta no Brasil, o cenário de investimento em capital de risco para empresas inovadoras cresce a passadas largas. No ano passado, o volume de recursos aplicados em startups (de investimento anjo a rodadas maiores, de venture capital) somou R$ 2,2 bilhões, um crescimento de 56% na comparação com 2016, segundo dados apresentados pela aceleradora ACE durante o 27o. Meetup do programa StartupSC, no dia 6 de junho, em Florianópolis. Além do volume de recursos aportados, o total de negociações (deals) também teve alta significativa no período: 57%.
No que depender de uma articulação anunciada durante o evento, o ecossistema de Florianópolis pode ajudar a ampliar estes dados nos próximos anos: o fórum Acate Investimentos vai reunir, a partir deste mês, os principais investidores, fundos de capital de risco, aceleradoras e grandes empresas com o objetivo de entender as demandas do mercado de inovação, estruturar ações e aumentar o volume de recursos disponíveis para investir em startups.
“Somente na Grande Florianópolis, estimamos que há R$ 280 milhões para capital de risco, somando todos os investidores e fundos em atividade na região. Queremos, em cinco anos, que este volume chegue a R$ 1 bilhão“, anunciou Marcelo Wolowski, sócio diretor da gestora de venture capital Bzplan, durante o evento ao lado do presidente da Acate, Daniel Leipnitz. O primeiro encontro acontece no dia 28 de junho.
Segundo Daniel, essa articulação começou há um ano, envolvendo diversos investidores e gestores de fundos, entre outras lideranças do mercado de tecnologia local. A Acate já conta com a Rede de Investidores Anjo (RIA SC), criada em 2016 em parceria com a Anjso do Brasil, que reúne 45 participantes e realizou aportes em cinco startups – Conpass, Geekhunter, epHealth, Viajo e Byond – num total de R$ 1,1 milhão. Mas segundo Marcelo Cazado, líder da RIA, “apesar de termos muitas startups, o que é um bom sinal, não temos massa crítica de investidores, especialmente em cidades menores. A falta de experiência neste mercado de inovação é um fator crítico”.
Na visão de Pedro Waengertner, cofundador da ACE e conselheiro de oito startups, a principal lacuna do mercado de capital de risco no país é no “vale da morte” dos novos negócios: aquela etapa após a grana investida por anjos e anterior à rodada de dinheiro para escalar um produto já consolidado (série A). “Grande parte dos investimentos feitos no ano passado no Brasil foram no estágio de crescimento das startups, séries B e C. Os investidores institucionais estão com mais apetite mas também estão mais seletivos, eles querem empresas com performance comprovada. Por isso, é importante que exista uma conexão entre anjos e fundos de seed e venture capital”, argumenta.
De acordo com a pesquisa apresentada pela ACE, o Brasil conta com um total de 8 mil investidores anjo, que colocaram cerca de R$ 85 milhões em novos negócios. Uma fração do que representa o mercado nos Estados Unidos, onde há 290 mil investidores, que aportaram em startups mais de US$ 20 bilhões.
Rede de Centros de Inovação em Florianópolis e chegada da ACE
A perspectiva de ampliar em quatro vezes o número de capital disponível se deve ao ritmo de crescimento de negócios na área de TI na Capital (e região metropolitana), responsável hoje por mais de R$ 11 bilhões de faturamento anual para os cofres municipais. No abril passado, a Prefeitura de Florianópolis anunciou a criação de uma rede de Centros de Inovação na cidade, envolvendo quatro espaços que serão gerenciados pela Acate e que seguirão o modelo do espaço que hoje sedia a entidade, na SC-401. Um deles será o CIA Downtown, que será inaugurado em 100 dias, segundo a incorporadora responsável pela obra. O espaço, localizado no Centro da capital, terá 11 espaços para locação, coworking e salas de reunião. “Acreditamos que são os pequenos ecossistemas, integrando pessoas e empresas, os responsáveis pelo crescimento deste mercado e queremos replicar o modelo”, opina Daniel Leipnitz, da ACATE.
A esse movimento todo, soma-se o anúncio feito pela ACE de se instalar em Florianópolis no segundo semestre, antecipou Pedro Waengertner – a aceleradora tem unidades em Curitiba, Goiânia e Brasília, além da sede, em São Paulo. “Santa Catarina e Floripa são fortes referências pra nós, têm contribuído com muitos deals importantes no ecossistemas e queremos fazer também, trazendo eventos e movimentando os empreendedores”, disse Pedro.
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