Insights SC no CASE 19: É possível conectar os ecossistemas do Brasil? / Como escalar cultura em startups / A manezinha “gringa”

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Insights SC no CASE 19: É possível conectar os ecossistemas do Brasil? / Como escalar cultura em startups / A manezinha “gringa”

Exemplos de negócios que cresceram no mercado externo, como a Decora/Creative Drive, a criação da cultura corporativa na Resultados Digitais e o modelo de inovação em SC foram destaque no maior evento para startups do país nesta quinta (28).

Exemplos de negócios que cresceram no mercado externo, como a Decora/Creative Drive, a criação da cultura corporativa na Resultados Digitais e o modelo de inovação em SC foram destaque no maior evento para startups do país nesta quinta (28).


Texto e fotos: Fabrício Rodrigues, direto da Conferência Anual de Empreendedorismo e Startups 2019, em São Paulo

Empresas, empreendedores e o modelo de desenvolvimento do ecossistema de tecnologia em Santa Catarina foram destaque nos palcos do maior evento de startups do país, o CASE, que começou nesta quinta-feira (28.11), em São Paulo. 

No palco principal, o CEO da Resultados Digitais, Eric Santos, foi franco ao abordar os desafios de criar uma cultura corporativa em uma empresa de alto crescimento e também aquilo que considera seu momento mais difícil: o de fazer um downsizing de praticamente 10% da equipe, ou seja, uma demissão de mais de 70 colaboradores da RD, em agosto de 2018. 

“Nós tínhamos feito uma revisão do nosso modelo de negócio para achar ineficiências e evitar que o nosso crescimento fosse um voo de galinha. E naquele momento havia 70 pessoas sobrando, por questões de desempenho, áreas em que a conta não fechava, clientes que não viam valor no que entregávamos. Foi o momento mais difícil da minha vida”, ressaltou.  

A medida, drástica, foi um aprendizado para ele, que listou algumas dicas a outros empreendedores e profissionais de startups em crescimento e com vagas sobrando: “nunca baixe o sarrafo ou flexibilize sua exigência, contratando pessoas que acha que não tem as habilidades e a cultura de empresa só porque há vagas abertas. Contrate, demita e promova de acordo com a cultura, e faça testes de alinhamento ao longo do desenvolvimento do colaborador”. A RD criou um “culture code” inspirado na Netflix e quando a empresa dava os primeiros passos no crescimento em escala e tinha 80 funcionários – hoje são 750 distrbuídos em Florianópolis, São Paulo, San Francisco, Joinville, Bogotá e Cidade do México. “Escalar cultura é f**, mas muito recompensador”, concluiu.

É POSSÍVEL UNIR OS ECOSSISTEMAS DO PAÍS E CRIAR UMA JORNADA PARA O DESENVOLVIMENTO DOS EMPREENDEDORES? 

 

Três dos mais importantes ecossistemas de inovação do Brasil – Recife, Florianópolis e Belo Horizonte – apresentaram suas origens, desafios e perspectivas em um painel que debateu formas de desenvolver ambientes favoráveis aos empreendedores. Em comum, as três capitais tinham há décadas um histórico de formação de mão de obra altamente qualificada nas áreas de Computação, Sistemas e Engenharia, mas sofriam pela falta de empresas capazes de reter esses talentos na região.

Representantes de Florianópolis (João, à direita), Recife (Luiz, segundo à esq.) e Belo Horizonte (Anna, segunda à direita) defendem uma conexão entre os ecossistemas para ajudar no desenvolvimento de empreendedores do país.

Dos três casos, o desenvolvimento catarinense foi o que começou primeiro, a partir de meados dos anos 1980, com a criação de entidades e fundações de pesquisa, incubadoras, parque tecnológico (década de 90) até os movimentos de startups, programas de fomento e maratonas de empreendedorismo, como os Startups Weekends.

Em 2020, o Sebrae se comprometeu em apoiar a realização de 22 Startup Weekends em Santa Catarina, um número recorde no Brasil. O grande diferencial é que a entidade deixa que a organização fica com as comunidades locais, que se organizam e criam seus ecossistemas regionais“, explicou João Martinelli, gerente de comunidades da aceleradora Darwin Startups, eleita no CASE do ano passado como a melhor do país. 

O painel deixou uma provocação para o desenvolvimento das várias comunidades regionais do país, que contam com suas particularidades e dificuldades próprias: “por que não criarmos uma jornada para os empreendedores se desenvolverem em diversos ecossistemas? Uma construtech do nordeste que capta recursos em Minas e acelera em Santa Catarina, por exemplo? O Brasil é grande não só em distância mas em oportunidades para os empreendedores”, sugeriu Luiz Gomes, diretor da Overdrive, entidade que fomenta o ambiente de tecnologia e inovação no Recife. 

Anna Martins, diretora da Orbi Conecta, aceleradora de conexões de Belo Horizonte, lembrou um caso em Minas Gerais de descontinuidade de um programa de incentivo por questões políticas no governo estadual (a descontinuidade do Seed, em 2015)  e recomendou: “o ecossistema tem que ser formado em função do empreendedor. As entidades que fomentam não podem tomar conta do processo”

 

UM CRESCIMENTO “À FORÇA” POR DEMANDA DO MERCADO INTERNACIONAL 

Orioni, da Creative Drive: era uma vez uma startup que precisou desenvolver um software para entregar uma venda gigante para o mercado norte-americano…

A Decora era uma pequena startup de Florianópolis que atuava no segmento de imagens digitais para o setor varejista que começou a vender para o mercado dos Estados Unidos uma solução que as corporações brasileiras não estavam preparadas para adquirir. 

Mas um pedido, da segunda maior varejista norte-americana, gelou a espinha dos empreendedores: “da forma como a gente podia produzir, levaríamos quatro anos para atender o pedido”, lembra Paulo Orioni, um dos fundadores da empresa, que investiu todo o adiantamento daquele pedido (U$ 1 milhão) no desenvolvimento de um software que permitiu produzir imagens 3D em alta escala. “Tínhamos um ano para entregar o que tínhamos vendido e levamos seis meses para desenvolver só o software, cheio de bugs”.

Desespero à parte, o software, que integra funcionalidades tanto de concorrentes muito mais complexos quanto outras plataformas mais simples, vingou e ajudou a empresa a se tornar a maior produtora de imagens 3D do mundo. “Nadamos de braçada então no mercado dos EUA e, quando fomos vendidos para a Creative Drive, em 2018, foi o segundo maior exit de uma empresa brasileira naquele ano”, lembra Paulo.