Temos uma tendência natural a repetir sempre um comportamento que consideramos eficiente – em tempos de mudança no ambiente de negócios, esta abordagem é mais prejudicial do que útil.
Por Max AG Neto*
Se perguntarmos a um grupo de dez pessoas de empresas de tecnologia bem sucedidas quem inova em seu trabalho, todos certamente levantarão as mãos. Se perguntarmos sobre quais foram as inovações da última semana ou do último mês, quantos vão contar alguma história real de inovação? Metade, menos da metade?
Isso acontece porque as intenções são bem mais largas que as ações. Existe sim a crença na inovação, mas muitas vezes a cultura da empresa não consegue assimilar novos valores que serão o combustível das inovações. “Em time que está ganhando não se mexe”, é a máxima popular. Mas você quer uma mexida maior do que um processo de inovação?
É possível mudar isso?
Como antropólogo, aprendi que uma das premissas básicas da minha profissão é que as pessoas têm dificuldade em falar sobre o que elas estão fazendo em determinadas ações que são culturais e inconscientes. Isso acontece porque temos uma tendência natural a repetir sempre um comportamento que consideramos altamente eficiente. Esta “forma que fazemos as coisas” é muito similar a “forma como uma empresa faz seus negócios e atende seus clientes”.
Em tempos de mudança no ambiente onde sua empresa faz negócios (e de mudanças das pessoas para quem as empresas trabalham), esta abordagem natural é mais prejudicial do que útil. E isso é mais grave ainda para empresas que experimentaram muito sucesso em seus negócios as dores da mudança (Kodak, IBM etc). No entanto, a minha Antropologia responde à pergunta com um “sim, podemos mudar isso”. Além dos casos de inovação que muitos conhecem, cito dois exemplos escandinavos: Bang & Oluffsen, no serviço que presta o design ao objeto, e Novo Nordisk, no tratamento da diabetes.
Como mudar?
Para estas empresas a mudança deve surgir de fora para dentro. Vale a pena sair de sua área de inferência e olhar o mercado para encontrar novos nichos e espaços, através da observação das oportunidades que estão latentes: as grandes ideias, as inovações estão o tempo inteiro em sua volta. Só que enxergar com as suas lentes habituais pode ser meio difícil.
E quais são estas lentes?
- Resistência humana a mudanças – Os grupos culturalmente se protegem, proteção significa manter ao máximo suas “tradições” elas são vistas como “consequências” do sucesso. Resistir é uma forma inconsciente de sentir-se seguro.
- Dificuldade em pedir ajuda – A partir do momento que aceito a possibilidade de mudança devo reconhecer a necessidade de ajuda. Este passo é bem difícil: no ambiente corporativo existe a crença de que fragilidades devem ser escondidas e não dissecadas.
- Habilidades do corpo diretivo – O sucesso que a empresa tem até aqui normalmente está equalizado com as habilidades de quem a dirige. Inovar significa que este corpo diretivo tem que ser o primeiro a aceitar as suas limitações e procurar como suas habilidades podem se adaptar às mudanças que trazem a inovação.
O tripé que sustenta estas lentes deve ser simplesmente colocado de lado por um momento, ou seja, fazer o contrário do que eles significam. Isso pode não ser muito simples.
Como tentar?
- Certifique-se de que a visão de futuro que você está vendo para a empresa é sedutora e cativante para os indivíduos que formam a equipe.
- Valorize os engajados na mudança (estatisticamente são pelo menos 10% de toda a equipe).
- E faça sempre aquilo que fala.
* Max AG Neto é filósofo, antropólogo e psicoterapeuta com especialização em NeuroPsicologia: www.maxagn.com.br
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