Inovação Social: Festival em Florianópolis destaca a importância do microfinanciamento a empreendedores

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Inovação Social: Festival em Florianópolis destaca a importância do microfinanciamento a empreendedores

Evento organizado pelo Impact Hub reuniu cerca de 1 mil pessoas e debateu temas também ligados a liderança, sustentabilidade, transformação pessoal, igualdade de gênero e colaboração.

Evento organizado pelo Impact Hub reuniu cerca de 1 mil pessoas e debateu temas também ligados a liderança, sustentabilidade, transformação pessoal, igualdade de gênero e colaboração.

 

O conceito de microfinanciamento, criado no final da década de 1970 pelo economista e banqueiro bengalês Muhammad Yunus, se tornou um caminho para que pessoas sem recursos ou acesso a crédito bancário pudessem dar os primeiros passos como empreendedores. O caso da maior instituição de microcrédito em atuação no Sul do Brasil – o Banco da Família, com sede em Lages e que já realizou mais de 289 mil operações – foi um dos destaques da programação na área de negócios do Festival Global de Inovação Social, que aconteceu neste domingo (14), em Florianópolis, e foi promovido pelo Impact Hub local, com participação de cerca de mil pessoas.

Foi o associativismo entre mulheres empreendedores da Serra Catarinense que possibilitou a criação do Banco da Família, em 1998, após levantarem em torno de R$ 200 mil entre doações e apoio governamental. A instituição, que até 2003 levava o nome de Banco da Mulher e impulsionava, principalmente, pequenos negócios que filhas, mães e avós assumiam para ajudar no sustento da família, conta hoje com 19,9 mil clientes ativos e 171 funcionários, com presença em 80 municípios de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Ao longo da história, já concedeu mais de R$ 775 milhões em crédito, com volume médio de R$ 3,6 mil por operação.

“O Banco da Família surgiu como uma alternativa simplificada aos pequenos negócios, formais e informais, e ao longo de duas décadas tem contribuído para o desenvolvimento regional e a transformação da realidade de milhares de famílias”, conta Isabel Baggio, fundadora e presidente da entidade. “Muitos achavam que era um projeto imprudente investir em algo que iria emprestar dinheiro para trabalhadores informais, que não tinham acesso ao crédito e não conseguiam financiamento para crescer, mas provamos o contrário”, lembra Isabel.

Na visão de Soraya Tonelli, gerente de Mercado do Sebrae/SC, este perfil de empreendedor não consegue se enxergar como dono de um negócio, já a cultura da base da pirâmide é atuar com “bicos” e trabalhos temporários. Há dez anos em vigor, a legislação que criou a figura do Micro Empreendedor Individual (MEI) já ajudou a criar mais de 8,1 milhões de CNPJs no país. Mas, na visão de Soraya, não basta ter a legalização do negócio, “precisamos trabalhar a percepção que o MEI é um empresário”, comentou ela durante o painel.

Festival Global de Inovação Social abriu espaço para ideias e projetos de novos empreendedores. / Foto: Fabrício Rodrigues

Um dos cases apresentados no Festival foi o projeto Salto, uma “aceleradora” de MEIs na cidade de Palhoça (SC), que ensina metodologias como canvas, design thinking e outras comuns no ambiente de startups para que os empreendedores tenham uma visão de negócio com foco no crescimento, nos indicadores de sucesso e na geração de novos negócios.

“Tivemos a participação de 150 MEIs da cidade e 17 empreendedores concluindo o programa. Mais de 75% dos participantes aumentaram seu faturamento durante o processo de aceleração, feito em três etapas de um mês e meio cada etapa”, explicou Soraya. O evento também atraiu dezenas de empreendedores a apresentarem, em pitches abertos para participação do público, novos projetos e iniciativas de impacto social (foto acima).

Esta foi a primeira vez que o Festival Global de Inovação Social é realizado no hemisfério sul. O objetivo é promover um momento de troca de experiência entre a comunidade global e a local do Impact Hub, com participantes de mais de 100 cidades diferentes pelo mundo. Ao longo do domingo (14), foram mais de 35 palestrantes nacionais e internacionais que se apresentaram em trilhas como:  inovação, liderança, sustentabilidade, empreendedorismo, transformação pessoal, igualdade de gênero e colaboração.  

Nossa intenção é mostrar para o mundo que negócios e propósito podem andar juntos e criar muitos ambientes de encontro, para que os participantes façam conexões que impulsionem as suas próprias startups e projetos”, explica Gabriela Werner, CEO e cofundadora do Impact Hub Floripa.