Inovação no Oeste catarinense: a velha ordem muda e cede lugar à nova

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Inovação no Oeste catarinense: a velha ordem muda e cede lugar à nova

Para inovar na agroindústria e fundar um novo pilar para a economia chapecoense, é preciso agir de acordo com a tríplice hélice (governo, capital privado e universidades).

Para inovar na agroindústria e fundar um novo pilar para a economia chapecoense, é preciso agir de acordo com a tríplice hélice (governo, capital privado e universidades).

 

Por Gilberto Rosa e Arthur Fiorini*

Somente em Chapecó foram abertas 3.151 empresas até novembro de 2018, número 16,4% maior que o de 2017. No entanto, é visível que o principal motivo para sua abertura é apenas a regularização dos informais por meio do Microempreendedor Individual (MEI). Quais dessas empresas estão alinhadas com novas ferramentas e processos que estão revolucionando o mercado mundial? Quantas delas já nasceram com uma cultura global e almejam inovar? Quantas estarão ativas daqui a 10 anos ou mais?

Essa linha de pensamento é crucial porque poucas empresas chapecoenses conseguem vender seus produtos e serviços globalmente. Mais preocupante ainda é notar que a agroindústria é a única matriz econômica à qual pertencem todas as companhias de sucesso de Chapecó, com raras exceções – um cenário muito perigoso.

Empresas como a Sadia BRF e a Aurora conseguiram, após os anos 1940, criar produtos que, hoje, são globais – e isso aconteceu porque elas investiram em tecnologia. Com o auxílio de institutos de pesquisa, como a Embrapa, elas inovaram seus mercados alterando animais geneticamente e buscando aprimorar os controles sanitário e de transporte do que era produzido aqui.

O mesmo devemos fazer agora: investir em tecnologias, as novas commodities, pois estão mais baratas, acessíveis e globais. Empresas como a californiana Impossible Foods já nasceram a fim de revolucionar o mercado agroindustrial por meio da tecnologia. Seguindo a tendência dos consumidores e fugindo de altos preços ambientais e financeiros, essa nova organização criou hambúrgueres com aroma e gosto de carne, mas constituídos integralmente de plantas. Estes novos modelos de negócios já são realidade.

Pense rápido, erre rápido, conserte rápido, acerte rápido e reinvente sempre.

Caso essa tendência se consolide, nossas empresas já investem em tecnologia e inovação para poderem competir? Dominamos algum setor alternativo que gere renda e trabalho significativos para os chapecoenses? Os números apontam que não: 52% das 500 maiores empresas da lista da revista Fortune depois do ano 2000 não existem mais. Em Chapecó, faliram, foram compradas ou deixaram de existir 20% das empresas vinculadas aos empresários que ganharam o troféu Empresário do Ano desde 1993.

Portanto, a fim tanto de inovar na agroindústria quanto de fundar um novo pilar para a economia chapecoense, agir de acordo com a tríplice hélice da inovação (a união entre o governo, o capital privado e as universidades) é essencial, pois ela solidifica um espaço propício para o surgimento e o desenvolvimento de novos negócios criativos e prósperos.

O empreendedor deve buscar as novas tecnologias disponíveis e pensar se este é o momento certo para investir em uma ideia. Tomar decisões por meio do tradicional método científico é elementar, pois não se deve apostar em nada sem uma razão. Por fim, é preciso que tudo ocorra muito rápido, pois o ciclo dos negócios é muito menor hoje em dia. Pense rápido, erre rápido, conserte rápido, acerte rápido e reinvente sempre.

* Gilberto da Rosa é consultor empresarial e Arthur Fiorini é redator e bacharelando na USP.

[Texto originalmente publicado no site da aceleradora 1Bi Capital, de Chapecó]