Quinze dicas para empresas que querem desenvolver processos inovadores darem os primeiros passos no ambiente de conexão com startups e inovação aberta. / Imagem: S O C I A L . C U T (Unsplash)
[15.05.2025]
Por Redação Ecosystems.Builders
“O que o trouxe até aqui não será o que o levará adiante”
A frase do educador executivo e escritor best-seller Marshall Goldsmith resume o impacto das mudanças que estamos vivenciando em diversos aspectos, mas especialmente no desenvolvimento tecnológico. É também a noção de que tudo muda, o tempo todo no mundo, que evoca a necessidade das empresas por buscar inovações, novos ares, novos parceiros para, consequentemente, ampliar resultados, mercados e gerar negócios sendo relevantes para o mercado.
Mas o caminho da inovação corporativa é longo, não-linear e muito particular, variando de acordo com cada empresa, sua cultura, seu propósito, seu mercado – e especialmente em função do engajamento do time e de parceiros externos.
Muitas empresas buscam a inovação corporativa, antes de tudo, para se manterem competitivas no cenário “VUCA” (do inglês: volátil, incerto, complexo e ambíguo). Seus resultados, porém, só começam a ser sentidos no médio e longo prazo, exigindo perseverança, resiliência e coragem para tomar decisões que muitas vezes desafiam o consenso e as “boas práticas” do mercado.
Como ponto de partida, podemos definir o ciclo da inovação corporativa em três fases:
- Identificação da necessidade de inovação;
- A construção do time e a conexão com o mundo lá fora;
- Resultados alcançados, reavaliação da cultura de inovação corporativa e investimentos para os próximos passos;
Para incentivar a inovação corporativa e cultivar uma cultura digital robusta, existem várias estratégias e abordagens. Seguindo a linha de raciocínio do parágrafo anterior, vamos passo a passo em cada fase:
IDENTIFICANDO A DOR
Uma empresa de construção civil pode necessitar de inovação pois sente que seus processos estão muito lentos e isso gera um aumento de custos que vai afastar os clientes finais. Assim como uma empresa de tecnologia de determinado país viu um concorrente global entrar no mercado e dizimar sua fatia de mercado com um sistema completo e com preço inferior. Ou um grande frigorífico que começa a perceber que seu futuro está ameaçado pela expansão do interesse em proteínas alternativas.
Praticamente todas as empresas tem suas “dores”, logo, todas elas podem de uma maneira ou outra, serem inovadoras para resolver seus problemas. As startups ganharam o mundo nas últimas décadas justamente por entender as mudanças sociais, econômicas e tecnológicas e por buscarem – à base de experimentação, validação e replicação em escala – soluções diferentes para as dores de empresas (no caso das startups B2B, com foco no mercado corporativo) ou dos consumidores finais (B2C).
Pois bem: encontrou sua(s) dor(es)? Vamos lá:
1. Criação de uma Área de Inovação: É fundamental desenvolver uma área ou departamento dedicado à promoção da inovação. Isso envolve alocar recursos humanos e financeiros. Uma abordagem é formar parcerias com startups através da inovação aberta, o que pode incluir startups em estágios iniciais ou mais avançados.
2. Apoio à Cultura de Inovação: Para implementar efetivamente uma cultura de inovação, é importante ter ações de curto, médio e longo prazo, envolver todos os líderes na discussão sobre cultura e inovação e designar um colaborador para monitorar e acompanhar o progresso.
3. Envolvendo os Colaboradores da Linha de Frente: Pessoas que estão na linha de frente da operação muitas vezes têm insights valiosos sobre inovações que podem melhorar processos e produtos.

4. Estímulo à Colaboração: Promover um ambiente de trabalho colaborativo, onde todos podem contribuir para o processo inovador, é chave. Ferramentas como o design thinking podem ajudar a estimular a criatividade, empatia e colaboração. Além disso, estimule talks em sua empresa sobre como as pessoas estão buscando soluções “fora da caixa”.
5. Encorajamento à Experimentação: Aceitar falhas como parte do processo de inovação é crucial. A Amazon é um exemplo de empresa que adota essa cultura, encorajando experimentações e aprendizado com falhas. Mas como o CEO e fundador Jeff Bezos alertou a seus acionistas certa vez, “à medida que a empresa cresce, tudo precisa ser dimensionado inclusive o tamanho dos experimentos fracassados”. Ou seja, comece pequeno, falhe rápido, ajuste e recomece o processo.
6. Mensuração de Resultados: Acompanhar e medir os resultados de iniciativas inovadoras é essencial para avaliar sua eficácia e decidir se devem ser incorporadas permanentemente pelos negócios
7. Gestão Estratégica da Inovação: Alinhar iniciativas de inovação aos objetivos estratégicos da empresa é crucial. Não se trata apenas de adotar novas tecnologias, mas de garantir que elas tragam benefícios reais para os clientes e o negócio.
ABRA-SE AO MUNDO (E ÀS STARTUPS)
O professor Henry Chesbrough levou ao mundo corporativo a concepção da “inovação aberta”, processo pelo qual as empresas buscam no ambiente externo alguns parceiros, tecnologias e recursos que possam resultar em projetos de inovação, desenvolvimento de novos produtos e serviços que aumentem a eficiência e/ou gerem valor agregado aos clientes. Uma maneira de se diferenciar no mercado e, mais do que isso, estimular um mindset inovador entre seus colaboradores – e que vai na contramão dos projetos autossuficientes, feitos a portas cerradas por um grupo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que atua sob sigilo – a inovação “fechada”.
Um estudo da Accenture mostrou que estratégias “abertas” de inovação podem aumentar a receita das empresas em até 9%, além de ajudar a criarem produtos e serviços, expandirem a novos mercados e melhorarem a eficiência operacional. Para as empresas que já definiram seus drivers de inovação e deram os primeiros passos na criação de uma área dedicada à experimentação, os passos seguintes passam por:

8. Participar de Eventos de Inovação e Tecnologia: Feiras, conferências e hackathons são locais excelentes para encontrar startups inovadoras e empreendedores com sede de inovação. Esses eventos permitem que você veja as startups em ação e avalie suas soluções diretamente: no Brasil, destaque para encontros como o Startup Summit (Florianópolis), South Summit (Porto Alegre), CASE (São Paulo), Websummit Brasil (Rio), Smart City Expo Curitiba, entre outros grandes eventos que reúnem milhares de empresas e founders.
9. Utilização de Plataformas de Inovação Aberta: Existem plataformas e redes dedicadas a conectar grandes empresas a startups. Plataformas como AngelList, Crunchbase, e redes de inovação locais podem ajudar a identificar startups que correspondam aos seus critérios de busca.
10. Parcerias com Aceleradoras e Incubadoras: Essas organizações – geralmente ligadas a instituições de ensino (como universidades e fundações), entidades de tecnologia e também gestoras/fundos de capital de risco – têm acesso a um grande número de startups em diferentes estágios de desenvolvimento e podem facilitar a conexão àquelas que estejam alinhadas aos seus objetivos.
11. Criar Desafios de Inovação: Lançar desafios ou competições de inovação abertos a startups é uma forma eficaz de atrair soluções inovadoras para problemas específicos da sua empresa. Isso também pode ajudar a identificar talentos e tecnologias emergentes. Aqui, a empresa é quem faz a apresentação de sua dor (o “pitch”) aos empreendedores e startups, abrindo-se para novas conexões.
Ao mesmo tempo, uma empresa que desenvolve uma cultura de inovação – e está investindo para isso – nunca deve deixar de olhar para os “pratas da casa”. Dentro dos times que pensam o futuro da empresa, há futuros líderes e empreendedores. Não deixe que eles se desestimulem e considere as seguintes estratégias:
12. Desenvolvimento de Programas de Intraempreendedorismo: Encoraje o empreendedorismo interno oferecendo recursos, mentorias e espaço para que os funcionários desenvolvam suas ideias de negócios. Isso pode incluir tempo dedicado a projetos pessoais e acesso a recursos da empresa.
13. Promoção de Hackathons Internos: Organize eventos de hackathon dentro da empresa para estimular a inovação e a colaboração. Esses eventos podem revelar talentos ocultos entre seus funcionários e gerar ideias que podem se transformar em startups.
14. Educação e Treinamento: Invista em programas de educação e treinamento focados em empreendedorismo e inovação: workshops, cursos online e sessões de mentoria com empreendedores de sucesso, fornecendo aos funcionários as habilidades e o conhecimento necessários para lançar suas próprias startups.
15. Investimentos e Suporte: Para quem deseja desenvolver suas próprias startups, ofereça suporte na forma de acesso a redes de contatos ou mesmo financiamento inicial ou investimento anjo. Mostrar que a empresa apoia o empreendedorismo pode aumentar o engajamento e a lealdade dos funcionários.
A chave é criar um ambiente onde a inovação é não apenas incentivada, mas também apoiada com recursos concretos. Toda a empresa é um ecossistema em si, o que diferencia umas das outras é o potencial de se abrir ao mundo lá fora e criar conexões com foco em metas e visão de longo prazo – o bom e velho “sonho grande”.
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