Em breve, poderemos ter a inteligência artificial como a interface principal do mundo digital, substituindo a dependência de telas, aplicativos e interações manuais. O que isso traz de oportunidades para empresas e startups? / Imagem: DALL-E/SC Inova
[17.03.2025]
Por Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis e um dos responsáveis pelo Conselho Mudando o Jogo (CMJ) em SC e RS. Escreve sobre inteligência artificial no ambiente corporativo na série “Diários de IA”.
Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, apresenta uma visão futurista em que a Inteligência Artificial (IA) se torna a interface principal do mundo digital, substituindo a dependência de telas, aplicativos e interações manuais. Essa transformação coloca o usuário no centro da experiência digital, tornando a tecnologia mais intuitiva, proativa e integrada ao cotidiano.
PRINCIPAIS PILARES DA “IA COMO NOVA UI”
Do modelo atual ao futuro sem telas
- Hoje, a maioria das interações digitais ocorre por meio de aplicativos e interfaces gráficas em smartphones, tablets e computadores.
- No futuro, IA agirá como intermediária, interpretando comandos naturais (voz, gestos, intenção) e antecipando necessidades, eliminando a dependência de telas.
IA como facilitadora da experiência humana
- Em vez de navegar por menus e aplicativos, os usuários simplesmente interagem com a IA, que organiza informações e executa tarefas sem fricção.
- A IA aprende padrões de comportamento e adapta-se ao contexto do usuário, personalizando cada interação.
Computação contextual e inteligência preditiva
- A IA compreenderá não apenas comandos diretos, mas também contexto, ajustando ações com base no ambiente, localização e hábitos do usuário.
- Exemplos:
- Um assistente pessoal que ajusta automaticamente temperatura e iluminação com base na rotina da casa.
- Um sistema de IA que sugere compromissos ou organiza tarefas com base no e-mail e calendário, sem necessidade de abrir apps.
Interação multimodal – além da voz e texto
- A interação não será limitada a comandos de voz, mas incluirá gestos, expressões faciais e até padrões biométricos.
- AI entenderá nuances emocionais e preferências individuais para uma experiência hiperpersonalizada.
AI integrada em dispositivos e ambientes
- Qualcomm, com seus processadores Snapdragon, lidera a integração da IA em dispositivos móveis, wearables, veículos autônomos e casas inteligentes.
- A computação de borda (edge AI) permitirá que dispositivos executem IA localmente, sem depender de servidores em nuvem, garantindo maior privacidade e resposta instantânea.
Impacto na produtividade e entretenimento
- No trabalho, IA poderá gerenciar tarefas automaticamente, responder a e-mails, organizar reuniões e gerar relatórios sem intervenção humana.
- No lazer, IA criará experiências imersivas em games, música e streaming, personalizando conteúdo com base no humor e preferências do usuário.
Evolução da “Economia da Atenção”
- Ao eliminar a necessidade de aplicativos individuais, a economia da atenção passará por uma mudança radical.
- Empresas precisarão reinventar modelos de negócios para interagir com consumidores de forma mais orgânica, sem interrupções publicitárias intrusivas.
PRINCIPAIS OPORTUNIDADES PARA EMPRESAS E STARTUPS
Posicionar a IA como a nova interface digital não é apenas uma revolução tecnológica, mas uma oportunidade estratégica gigantesca para empresários e empreendedores. Empresas que souberem se posicionar nesse novo cenário poderão criar produtos e serviços mais inteligentes, personalizados e eficientes, conquistando vantagem competitiva.
Criação de experiências frictionless (sem atrito)
- Modelos de negócio que eliminam a necessidade de telas e interfaces complexas terão grande apelo.
- Exemplo: Assistentes virtuais em e-commerce que finalizam compras via comando de voz ou recomendam produtos de forma preditiva, sem precisar de um app tradicional.
Reinvenção da Experiência do Cliente (CX) com IA
- Empresas podem usar IA para oferecer atendimento ultra personalizado, eliminando menus tradicionais e substituindo-os por interações naturais.
- Exemplo: Em imobiliárias, um assistente de IA pode identificar o perfil do comprador e sugerir imóveis ideais sem que ele precise fazer buscas manuais.
Automação inteligente de processos
- IA pode assumir tarefas repetitivas, liberando humanos para atividades estratégicas.
- Exemplo: No setor financeiro, IA pode analisar fluxos de caixa e sugerir investimentos automaticamente.
Novos modelos de monetização baseados em IA
- Empresas podem transformar IA em um produto, oferecendo serviços sob demanda sem necessidade de plataformas tradicionais.
- Exemplo: Seguradoras podem precificar seguros de forma dinâmica com base no perfil de risco do cliente analisado pela IA.
Uso de IA no marketing e vendas
- Campanhas hiperpersonalizadas, recomendação de produtos e segmentação de clientes sem precisar de grandes equipes de marketing.
- Exemplo: Restaurantes podem usar IA para prever picos de demanda e ajustar cardápios automaticamente.
RISCOS PARA QUEM NÃO SE PREPARAR PARA ESSA TRANSFORMAÇÃO
Empresas que não se adaptarem a essa nova interface podem enfrentar desafios graves, perdendo relevância e competitividade.
Obsolescência rápida
- Negócios baseados em aplicativos convencionais podem ser superados por soluções de IA mais fluidas e eficientes.
- Exemplo: Um banco que depende de um app tradicional pode perder clientes para fintechs que operam via IA conversacional integrada a dispositivos inteligentes.
Perda de relevância e engajamento do cliente
- Clientes estão cada vez menos dispostos a lidar com interfaces ultrapassadas e lentas. Empresas que não oferecem experiências frictionless perderão mercado.
- Exemplo: Empresas de mídia que não utilizarem IA para criar conteúdos hiperpersonalizados poderão ver sua audiência migrar para plataformas automatizadas.
Dificuldade de integração com o novo ecossistema digital
- Parceiros, fornecedores e clientes estarão cada vez mais integrados em redes de IA. Quem não acompanhar essa evolução ficará isolado.
- Exemplo: Um marketplace que não adotar IA para precificação dinâmica pode perder vendedores para concorrentes que oferecem algoritmos otimizados.
Desvantagem competitiva e perda de margem de lucro
- Empresas que usam IA reduzirão custos operacionais e aumentarão a eficiência, enquanto concorrentes tradicionais ficarão presos a modelos caros e ineficientes.
- Exemplo: Indústrias que não adotarem IA para manutenção preditiva gastarão mais com falhas inesperadas e paralisações.
O momento de agir é agora!
A transição para a IA como nova interface digital está acontecendo rapidamente, e empresas que começarem desde já terão vantagem estratégica.
Para empresários e empreendedores, isso significa:
- Investir em IA generativa e conversacional para substituir interações manuais;
- Criar modelos de negócio baseados em dados e personalização proativa;
- Automatizar processos internos e de atendimento para ganhar eficiência;
- Desenvolver parcerias estratégicas com players que já estão avançados em IA;
- Explorar novos modelos de monetização baseados em serviços inteligentes.
Não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”. Quem entender essa mudança e agir primeiro será o próximo líder do mercado.
REFERÊNCIAS:
- BRYNJOLFSSON, Erik; MCAFEE, Andrew. Machine, Platform, Crowd: Harnessing Our Digital Future. New York: W. W. Norton & Company, 2017.
- KAHNEMAN, Daniel; SIBONY, Olivier; SUNSTEIN, Cass R. Ruído: Uma Falha no Julgamento Humano. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2021.
- OPENAI. The Future of Human-AI Interaction. San Francisco: OpenAI, 2023. Disponível em: https://openai.com/research/. Acesso em: 16 mar. 2025.
- QUALCOMM. AI Everywhere: How Snapdragon is Leading the Future of On-Device AI. San Diego: Qualcomm, 2024.
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