Gêmeo Digital: esqueça tudo que você sabe a respeito

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Gêmeo Digital: esqueça tudo que você sabe a respeito

Desde que surgiu o termo Internet das Coisas, há vinte anos, temos conectado as coisas à Internet. E as coisas estão sendo tão requisitadas que agora veremos a explosão do “gêmeo digital”

Desde que surgiu o termo Internet das Coisas, há vinte anos, temos conectado as coisas à Internet. E as coisas estão sendo tão requisitadas que agora veremos a explosão do “gêmeo digital” – um dos principais facilitadores para a transformação digital na indústria.


[09.02.2021]


Por Claudio Henrique Goldbach
Diretor da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII)

Sabe aquela vontade de clonar a si mesmo para dar conta dos seus afazeres? Longas horas semanais dedicadas ao trabalho, compras, finanças pessoais, eventos sociais (mesmo os online), atenção aos entes queridos. Não são só os humanos que estão sentindo isso. Desde que Kevin Ashton cunhou o termo Internet das Coisas, há vinte anos, temos conectado as coisas à Internet. E as coisas estão sendo tão requisitadas que agora veremos a explosão do gêmeo digital.

Atualmente, a maioria das aplicações requisita diretamente a coisa para obter um dado e gerar uma informação relevante. Digamos que você queira saber se você esqueceu a porta aberta da sua geladeira, estando longe de casa. Vai no seu aplicativo, que usa a internet para se conectar diretamente à geladeira, e verifica que a porta está fechada: ufa!

Agora, imagine que você queira saber o consumo elétrico da sua geladeira no mês passado e essa funcionalidade não esteja disponível no aplicativo do fabricante da sua geladeira. O fornecedor da aplicação te dirá que precisa criar uma outra conexão à sua geladeira para te fornecer essa informação. O esforço não será pequeno, concorda? Mas você decide encarar já que está considerando a troca da geladeira e quer saber o consumo atual. 

Acontece que o seu supermercado predileto lança uma funcionalidade que permite que você, através da leitura do código de barras, faça sua lista de compras ali na geladeira. Ou seja, acabou determinado produto, você bipa a embalagem vazia e pronto: está na sua lista de compras. Só que o aplicativo exige que você crie uma outra conexão já que, nem o app da fabricante, nem o software de gestão de energia residencial, te permitem a coleta dos dados dos produtos bipados. No final do dia, você está com apenas uma geladeira, mas já com três conexões da geladeira com o mundo digital.

Esse é um exemplo hipotético aplicado à internet das nossas coisas, como pessoas físicas. Porém, no mundo da internet das coisas dos negócios (IIoT), isso já está acontecendo. Um fornecedor de serviços cria uma conexão para obter o OEE da máquina, outro cria outra para garantir a rastreabilidade do processo, outro cria uma conexão para a manutenção do ativo e assim por diante. Isso que as soluções digitais estão apenas começando.

É aqui que entra o gêmeo digital: a “coisa” (gêmeo físico) faz o trabalho que ela foi feita para fazer (gelar, transportar, lavar, entreter, abrir e fechar, filmar, voar, etc.) e o gêmeo digital da “coisa” funciona como um porta-voz, tendo todos os dados e informações sobre a coisa, durante todo o seu ciclo de vida, desde o seu projeto até a sua inutilização. 

Em outras palavras, o gêmeo físico poderá vestir um boné e uma camisa xadrez aberta e responder às inúmeras requisições: “ – Pergunta lá no Posto (você sabe qual)… para o meu gêmeo digital!”

Esse tema é tão importante que, em 2020, mesmo durante a pandemia, foram criados o Digital Twin Consortium, nos Estados Unidos, e a IDTA – Industrial Digital Twin Association, na Alemanha, ambas entidades que aglutinam empresas, governos e academias para direcionar a consistência no vocabulário, arquitetura, segurança e interoperabilidade de gêmeos digitais.

Os fabricantes de maquinários entregarão tanto o gêmeo físico quanto o gêmeo digital e os provedores de soluções digitais consultarão os gêmeos digitais para entregar valor.

E, aqui no Brasil, a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII) – referência em temas como IIoT e Indústria 4.0 – está atenta a essa nova onda. Desde o ano passado o tema vem sendo trabalhado por um grupo de estudos formado dentro do GT de Tecnologia. O assunto também foi tema de um fórum técnico exclusivo para associados e de dois momentos importantes do 12º Encontro Nacional da ABII, realizado pela primeira vez em versão digital no final do ano passado.

O primeiro momento foi uma palestra internacional (em inglês e sem tradução) com o vice-presidente e diretor técnico do Digital Twin Consortium, Dan Isaacs. A palestra focou no Digital Twin como o principal facilitador para a transformação digital, fornecendo informações essenciais para que os negócios tomem decisões fundamentadas. O convidado mostrou o que as empresas podem obter das tecnologias digital twin e os benefícios comerciais representativos, com base em casos reais de uso pelo mundo.

 É possível assistir o vídeo no YouTube da ABII (https://www.youtube.com/channel/UCp2RzPRZmq605phMm4BFhUQ). O painel pode ser acompanhado no vídeo do dia 24/11/2020, entre 2h26min e 3h44min.

Vários dos atuais problemas de integração das tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 serão resolvidos com a adoção dos gêmeos digitais. Os fabricantes de maquinários entregarão tanto o gêmeo físico quanto o gêmeo digital e os provedores de soluções digitais consultarão os gêmeos digitais para entregar seu valor. Todos ganham!

* Texto originalmente publicado no portal da Associação Brasileira de Internet Industrial


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