Fusões e aquisições batem recorde em 2021 e se consolidam como estratégia de crescimento

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Fusões e aquisições batem recorde em 2021 e se consolidam como estratégia de crescimento

Em poucos meses, o ano de 2021 registra um movimento recorde no volume de acordos de fusão e aquisição.

Em um momento de expansão do mercado de capitais brasileiro, o fórum executivo WTC Sul lança grupo de Funding e M&A para fortalecer networking e debater tendências e desafios com empreendedores e executivos do Sul do país.

[18.05.2021]

Em poucos meses, o ano de 2021 registra um movimento recorde no volume de acordos de fusão e aquisição (mergers and acquisitions, M&A): somente no primeiro trimestre, estas operações movimentaram US$ 1,1 trilhão, segundo dados divulgados pela Bloomberg. É o resultado mais expressivo em 23 anos, motivado pela “volta” dos investidores após as incertezas causadas pela pandemia em 2020. 

No Brasil, o cenário é semelhante. O total de operações de M&A dobrou no primeiro quadrimestre de 2021 frente ao mesmo período do ano passado. “O mercado de capitais brasileiro atravessa um de seus melhores momentos em décadas”, comenta o executivo Paulo Junqueira Filho, que liderou processos de IPO e M&A em empresas como Positivo Tecnologia e Unicasa Móveis e assumiu a presidência do grupo de Funding e M&A do WTC Curitiba, Joinville e Porto Alegre.

“No ambiente de negócios atual, as transformações trazidas pela tecnologia e aceleradas pela pandemia demandam às empresas de todos os portes avaliar periodicamente sua estratégia, seus processos e sua estrutura de capital. Desta avaliação, normalmente surgem oportunidades para crescer por meio de aquisições, atrair sócios estratégicos ou para buscar recursos financeiros mais eficientes para sustentar a estratégia”, ressalta. Recentemente, o grupo realizou uma Master Live com empreendedores, executivos e outras lideranças do mercado para debater as oportunidades que o M&A traz para consolidação e crescimento dos negócios.

Entre as empresas que se destacaram nos deals de M&A em 2021 está a paranaense Smart Hint, fundada em 2017 pelo empreendedor Rodrigo Schiavini e adquirida pela Magalu em fevereiro. Um negócio que gerou impacto positivo para ambas as partes: de um lado, a startup – que conta com mil clientes e já gerou R$ 1 bilhão em vendas por meio de sua plataforma – integrou suas soluções ao maior ecossistema do varejo nacional; de outro, a Magalu registrou um aumento de 8% no valor das ações negociadas em Bolsa no dia seguinte ao anúncio. 

A Smart Hint é uma plataforma de software como serviço (SaaS) que otimiza a experiência de compras online com uso de tecnologias como pesquisa por voz, vitrines de recomendação e ferramentas de retenção. A ideia surgiu logo após Rodrigo vender sua empresa anterior, a Fbitz, voltada a varejistas de médio porte, para a Locaweb. 

“Minha intenção, diferente da tecnologia que havia desenvolvido antes, era criar algo simples e eficaz para pequenos negócios, com custo baixíssimo e capacidade de escala, seguindo a mentalidade dos cases de sucesso do Vale do Silício. Inovamos no modelo de negócio e em tecnologias como a pesquisa por voz, algo que é muito comum para as novas gerações e será uma necessidade do comércio eletrônico”.

Desde o início, a Smart Hint já tinha definido como estratégia de expansão a busca por funding, via investimento-anjo, seed capital e recursos de fundos de venture capital. E para seguir o planejamento, a “lição de casa” (até em função de sua experiência no exit da Fbitz) era cuidar da governança corporativa para facilitar as negociações com investidores. 

Rodrigo, da Smart Hint, comprada pela Magalu: estratégia bem definida para captação de investimentos. Foto: Divulgação

A estratégia deu certo: em poucos anos, e antes mesmo do que ele tinha planejado, a startup captou uma rodada anjo e um seed capital que foram fundamentais para estruturar a empresa quando surgiram as primeiras ofertas de aquisição, em 2020. 

“O que os executivos precisam ficar atentos é que, se suas empresas não crescem na velocidade de expansão de seus mercados, estão ficando para trás. Por isso, devem considerar a estratégia de M&A como alternativa para acelerar resultados”, alerta Alexandre Bajotto, vice-presidente do Grupo de Funding e M&A e Gestor de Projetos na Società Engenharia.

DICAS DOS DOIS LADOS DO BALCÃO

Ao captar o primeiro aporte anjo da Smart Hint, Rodrigo Schiavini ouviu do investidor Pierre Schurmann, sócio da gestora, uma frase que nunca lhe saiu da cabeça: “se todo empreendedor que me apresenta um pitch estivesse preparado como você está, os investidores iriam economizar um tempo precioso”. A preocupação com a governança e a estruturação do negócio foi fundamental para acelerar a decisão do aporte – e da própria expansão. “Em quatro anos de Smart Hint, o negócio está maior do que os dez anos em que tive a Fbitz”. 

Na visão de advisors de M&A, muitos empreendedores não estão preparados para etapas fundamentais dos processos de funding e aquisição, como as auditorias (due diligence). “Às vezes, as negociações começam bem mas emperram nestas questões. Quanto melhor o empreendedor estiver preparado, maiores as chances do advisor capturar valor na negociação com os interessados na compra. Hoje há muito mais capital para alocar em empresas, mas ainda temos muito a avançar na questão de organização dos negócios e governança”, comenta Jefferson Nesello, cofundador e sócio-diretor da Zaxo M&A Partners, durante a live do WTC.

O caso da Smart Hint é emblemático neste sentido. “Durante uma negociação, não deixe que os termos fiquem ‘da boca pra fora’. Qualquer condição que não esteja clara pode gerar problemas, multas severas. Vírgulas podem mudar o contexto do contrato. Coloque tudo no papel, traga um especialista”, lembra Rodrigo. 

“A primeira geração de empreendedores que passou por experiências de M&A, na década passada, não tinha referências do mercado e foram aprendendo a partir das dificuldades. Hoje há literatura, playbooks definidos, e é possível mapear todos os processos desde o começo da empresa. Isso dá mais segurança ao investidor, do anjo até o exit. O empreendedor não precisa saber de tudo, ele pode contar com apoio de especialistas e focar no desenvolvimento de seus negócios”, reforça Leonardo Grisotto, managing partner da Zaxo. 

O Grupo Funding e M&A do WTC tem encontros mensais e exclusivos, com participação de executivos, empreendedores e especialistas no setor. “Nosso propósito é prover um ambiente de troca aberta de experiências, visões, ideias e insights, oferecendo um network restrito e qualificado aos membros”, explica o presidente Paulo Junqueira Filho.

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