Edital, que deve ser lançado em julho, vai incentivar projetos que apoiem a indústria local, diz o novo secretário de Desenvolvimento Econômico, Claiton Pacheco. / Foto: Daniel Búrigo.
Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br
Uma série de projetos e ações para fomentar o ambiente de inovação e tecnologia nos próximos meses está na pauta da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Criciúma. Empossado há duas semanas, o novo responsável pela pasta, o empresário Claiton Pacheco, reconhece que a maior cidade do sul catarinense precisa acelerar o passo quando se trata de desenvolvimento do ecossistema de tecnologia.
“A cidade passou os últimos anos em recuperação financeira e nosso ecossistema está atrasado em comparação com outras cidades, como Tubarão. O pessoal aqui ainda não está vivendo a efervescência de eventos, temos dificuldade para levar público”, comenta Claiton, que vive pela primeira vez a experiência de gestor público, após quase três décadas atuando na iniciativa privada. “Mas é uma questão de aculturamento, temos muitas oportunidades com a indústria local, na área cerâmica e química, por exemplo“, ressalta.
Se a cidade por um lado não acelerou na realização de eventos, e também no destino do seu Centro de Inovação, o marco legal de inovação deu passos importantes recentemente. Em 2018, foi sancionada a lei municipal de inovação e também um fundo específico para desenvolver projetos e programas para empreendedores.
Neste ano, por meio do fundo de inovação, a prefeitura de Criciúma vai lançar um edital para investir até R$ 250 mil em 10 startups que tenham soluções que apoiem o desenvolvimento da indústria local. “Será um modelo idêntico ao do Sinapse da Inovação”, afirma o secretário, “com a participação do conselho municipal, que envolve universidades como Unesc, SATC, prefeitura e Associação Comercial e Industrial, para selecionar os projetos que vão receber o recurso”. Segundo ele, o edital deve ser publicado até o final de julho.
Ao longo do processo de seleção dos projetos, a Secretaria vai organizar uma espécie de “Feira de Problemas”, em que as empresas locais apresentam suas dores enquanto startups, desenvolvedores e designers vão propor soluções. Deste match serão escolhidos 5 dos 10 projetos a serem incubados no programa.
“Precisamos ganhar velocidade e também unir as cidades aqui do sul do estado com um pacto, para recuperarmos o tempo perdido”, diz o secretário Claiton Pacheco.
De acordo com a lei de inovação, o município pode transferir até 10% dos recursos do Imposto Sobre Serviços (ISS) para o fundo, que terá neste ano um total de R$ 300 mil. Para 2020, estão previstos R$ 800 mil, com os quais a Secretaria pretende rodar duas edições do edital para startups.
Fundador do coworking Plurall, inaugurado no final de 2017 em Criciúma, Claiton tem acompanhado de perto o desenvolvimento de vários ambientes de inovação em Santa Catarina nos últimos anos. Ele acredita que uma maneira de acelerar o ecossistema é replicar ideias que já deram certo em outras regiões, como o próprio Sinapse, e a lei local de inovação, inspirada nas de Florianópolis e Rio do Sul. “Nos próximos meses, vamos rodar o estado buscando projetos que já estão funcionando para trazer para cá. Precisamos ganhar velocidade e também unir as cidades aqui do sul do estado com um pacto, para recuperarmos o tempo perdido”.
Nesta semana, outro nó que travava os projetos de inovação local começou a ser desenrolado: o governador Carlos Moisés confirmou a liberação de R$ 6 milhões para a instalação do Centro de Inovação de Criciúma em um prédio cedido pela Unesc. Na avaliação do Secretário, ter um espaço na região central da cidade será um estímulo para o ambiente de tecnologia local.
“Temos algumas grandes empresas de software na cidade e também startups de relevância surgindo, mas há um hiato com relação a empresas de médio porte”, avalia. De acordo com o Observatório de Tecnologia, divulgado pela Acate, em toda a região sul do estado há cerca de 950 empresas de TI, que faturam anualmente R$ 857 milhões e empregam 3 mil pessoas.
Para reduzir a burocracia na abertura de empresas, a prefeitura lançou no ano passado a “Casa do Empreendedor”, espaço que concentra todos os órgãos responsáveis pela liberação de alvarás (processo de viabilidade, fiscalização da vigilância sanitária, Bombeiros e meio ambiente etc). Como destaca o coordenador Agenor Brunel, hoje é possível abrir uma empresa em até dois dias se o empresário tiver a documentação necessária, mas em geral o prazo não passa de 10 dias. “Como hoje os processos são praticamente todos digitais, nosso papel é centralizar os serviços e assessorar os empreendedores”, explica.
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