Estudo da Associação de Venture Capital do continente mostra que parte do dinheiro para startups está indo para cidades como a capital catarinense, Rio, Lima e Montevidéu. Infraestrutura e qualidade de vida são algumas das razões. / Foto: André Magalhães (Unsplash)
[FLORIANÓPOLIS, 02.10.2024]
Fabrício Umpierres – Editor – scinova@scinova.com.br
Recentemente reconhecida como “capital nacional das startups”, Florianópolis é também o “ecossistema emergente” latino-americano que mais teve startups investidas desde o início de 2023 até a primeira metade deste ano. É o que mostra estudo realizado pela Association for Private Capital Investment in Latin America (Lavca) e que foi publicado pelo portal FDI Intelligence, braço de dados e análises setoriais do Financial Times.
A análise apontou uma redução percentual no volume de investimentos em startups nos maiores centros de negócio do continente – São Paulo, Cidade do México, Buenos Aires e Bogotá – em comparação ao aumento da atividade mais acelerada em cidades como Florianópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Montevidéu, Lima e Monterrey
No ano passado, os “ecossistemas emergentes” foram responsáveis por 25,5% do volume de investimentos em startups na América Latina – em 2022, a participação havia sido menor: 20,7%. Já entre os ecossistemas líderes no continente, a fatia caiu de 61,5% para 55% entre 2022 e 2023.
Entre o início de 2023 e o primeiro semestre de 2024, 31 startups de Florianópolis receberam algum tipo de investimento em venture capital. O ranking segue com Lima (Peru), com 27, Rio de Janeiro (26), Montevidéu (22) e Belo Horizonte (20). Num patamar abaixo, estão Curitiba (15) e Porto Alegre (8), com o mesmo número de novas startups investidas do que Blumenau (SC).
Importante considerar o tamanho destas regiões: Florianópolis (cerca de 540 mil habitantes) tem menos da metada da população da segunda menor capital desta lista, a capital uruguaia (1,3 milhão habitantes).
EMPRESAS EM CASA vs. GRANDES CENTROS
A razão dessa mudança, aponta o relatório, se deve pela melhoria de infraestrutura nessas cidades, uma mudança no cenário do mercado de venture capital (que tem buscado mais performance das startups e valuations bem menos inflados) e ao fato de que “os empreendedores estarem cada vez mais fundando empresas em casa em vez de se mudarem para os principais centros”.
[Nota do Editor: Não à toa, muitos founders da Ilha escolhem morar (e trabalhar) em regiões idílicas da capital catarinense, como Lagoa da Conceição, (novo) Campeche, Cacupé, João Paulo e Jurerê]
Em abril deste ano, um detalhado report também publicado pelo FDI Intelligence mostrou a cidade como um ambiente maduro de tecnologia que atrai uma nova onda de empreendedores. “O lifestyle único de Floripa criou um conjunto vibrante de talentos técnicos”, escreveu o repórter Alex Irwin-Hunt. E é justamente essa “vibe” que tem atraído o (cada vez mais exigente) mercado de venture capital.
Se por um lado a cidade nunca esteve de fato na “batalha dos unicórnios” (um tipo de contagem que gera clique mas que não representa obrigatoriamente a maturidade e a relevância do ecossistema), por outro Florianópolis tem se mantido como uma região próspera para novos negócios em função de seu clima de cidade (ainda) pequena com qualidade de vida.
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