Exclusivo: “Queremos debater o futuro da contabilidade, que já chegou”, afirma Vinicius Roveda, da ContaAzul

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Exclusivo: “Queremos debater o futuro da contabilidade, que já chegou”, afirma Vinicius Roveda, da ContaAzul

O CEO e cofundador da startup conta ao SC Inova como o crescimento da plataforma criou uma nova frente de mercado – e será um dos focos estratégicos com o aporte de R$ 100 milhões

O CEO e cofundador da startup conta ao SC Inova como o crescimento da plataforma criou uma nova frente de mercado – e será um dos focos estratégicos com o aporte de R$ 100 milhões

“O mercado nos vê como um software de gestão para pequenas empresas, mas hoje estamos fazendo o empreendedor trabalhar junto com o contador – isso é inédito no Brasil”, diz Vinicius Roveda, cofundador e CEO da ContaAzul, startup fundada em 2011, em Joinville (SC) e que se tornou uma das empresas nascentes mais conhecidas do ecossistema catarinense de tecnologia e inovação. No dia 3 de abril, a empresa anunciou ao mercado um novo aporte de investimento, no valor de R$ 100 milhões, liderado pelo fundo norte-americano Tiger Global Management e com participação da Endeavor Catalyst.

Nesta entrevista exclusiva ao SC Inova, Vinicius conta que o crescimento da empresa,  que tem sido de quase 100% ao ano, e a grande adesão de empreendedores (são 2 mil novos clientes ao mês) à plataforma que surgiu como uma solução para gerenciamento de pequenos negócios levou a uma nova visão de negócio: a partir de agora, é preciso ajudar os escritórios de contabilidade a entrar no mundo digital, ganhar produtividade e entregar mais consultoria e menos burocracia às empresas. Algo que se tornou uma necessidade em função da transformação digital e da utilização crescente de ferramentas online – como a própria ContaAzul.

Queremos ter uma relação maior com o mercado contábil, que passa por dificuldades em função da transformação digital e não está conseguindo entregar valor – Vinícius Roveda, CEO da ContaAzul

Este será um dos principais focos – ao lado de desenvolvimento de produto – da empresa a partir dos recursos anunciados nesta semana. Uma das estratégias é levar road shows sobre tecnologia e digitalização para o mercado contábil a 40 cidades brasileiras. Saiba mais na entrevista abaixo:

SC Inova – Qual será o foco de investimentos com o novo aporte? Vocês anunciaram eventos voltados para contadores, como será essa estratégia?

Vinicius Roveda – Queremos ter uma relação maior com o mercado contábil, que passa por dificuldades em função da transformação digital e por isso muitos não estão conseguindo entregar valor para os clientes. O mercado nos enxerga como um ERP (software de gestão) para pequena empresas, mas fazemos parte de uma nova geração de plataformas em que o empreendedor trabalha integrado com o contador, além de integrar com bancos e outras fintechs, isso é inédito no país.

Temos uma base de 5 mil escritórios de contabilidade parceiros e percebemos que, em função da falta de adaptação a processos digitais, que é preciso ajudá-los a aumentar produtividade e entregar mais consultoria. Reduzir a burocracia, tirar do documento físico pro digital, tudo isso consome tempo e prejudica a relação com os clientes.

Com relação aos eventos, faremos uma série de workshops, a ContaAzul Con, com palestrantes internacionais e nacionais que são referência para falar sobre essa grande transformação. Vamos passar por 40 cidades – capitais e outros grandes municípios . Queremos discutir o futuro da contabilidade, que já chegou.

SC Inova – É uma estratégia que se assemelha ao que, por exemplo, a Resultados Digitais fez com relação às novas demandas digitais para o mercado de marketing e agências, não?

Vinicius Roveda – Sim, tem uma semelhança bem forte com o que a RD fez com as agências. No caso da contabilidade é diferente. O propósito da ContaAzul é que todo empreendedor merece o sucesso. Mas se cresce e perde o controle, se não tem gestão e fluxo de caixa, ele fecha. Grande fatia das empresas que fecham é por esse motivo. E o contador tem plenas condições de ajudar, é o melhor cara. Mas muitas vezes porque ele não está ajudando o cara? Porque precisa ganhar produtividade, ficar menos tempo fazendo coisas manuais. O ideal é que boa parte do tempo do contador seja utilizado para analisar os dados do cliente, ser mais consultivo. Mais de 80% dos nossos clientes queriam ter seus contadores apoiando mais nessas questões.

Vinicius em evento em Maringá (PR), falando sobre as novas tendências digitais para o mercado contábil. Foto: Adilson Faxina / SESCAP/PR

SC Inova – E com relação à expansão da ContaAzul, quais os próximos passos?

Vinicius Roveda – A expansão em São Paulo é inevitável. Nossa ideia é manter a base principal em Joinville, onde a gente tem quase 300 pessoas, mas ter uma proximidade maior com o mercado paulista, especialmente em função de grandes empresas e parceiros, além de um reforço nos times de marketing e business development. Em Santa Catarina vamos manter a parte de tecnologia e produto.

Estamos passando dos dois mil novos clientes por mês e crescendo a uma taxa média de 100% ao ano. Devemos manter isso em 2018, o que nos coloca no grupo das empresas que mais crescem no país.

SC Inova – A ContaAzul se tornou, em pouco anos, uma das empresas mais conhecidas do cenário de startups não só em Santa Catarina mas também no Brasil. Até colocam vocês na lista de “futuros unicórnios” (empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bi) do país. Como vocês enxergam o papel da ContaAzul dentro do ecossistema de inovação?

Vinicius Roveda – Eu vejo que Santa Catarina está se tornando um mercado bem relevante e está se conectando, não só Joinville ou Florianópolis. Está mais organizado. Eu vejo o nosso impacto especialmente no contexto do venture capital, fomos um dos pioneiros ao conseguir captar dinheiro de fundos classe A no mundo mesmo sem estar num grande centro. Há 15 anos eu estava na faculdade tendo ideias e agora estou aqui, liderando uma das empresas que mais crescem no Brasil. Nós começamos em três sócios e hoje somos 300.

Sou muito ligado ao sonho de empreender e hoje as pequenas empresas são as que mais empregam pessoas no Brasil. Queremos é ajudar o empreendedor, mudar a experiência dele e ajudá-lo a se tornar grande, isso pode mudar a realidade do Brasil. Por isso a gente não é motivado pela questão de ser ou não um unicórnio. O mercado em que atuamos é muito grande, só nos EUA são 29 milhões de empresas e na Europa outras 20 milhões. Queremos ser a melhor solução, se formos unicórnio é consequência.