Retrospectiva: empresas de Santa Catarina superam R$ 1,3 bilhão em investimentos em 2025

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Retrospectiva: empresas de Santa Catarina superam R$ 1,3 bilhão em investimentos em 2025

Volume captado em 2025 aponta para um ecossistema maduro, mas concentração de capital segue como desafio estrutural para os próximos anos.

Volume aponta para um ecossistema maduro, mas concentração de capital segue como desafio estrutural. O próximo salto do ecossistema dependerá menos de casos isolados e mais da capacidade coletiva. / Imagem: ChatGPT/SCInova


[17.12.2025]
Por Fabrício Umpierres, editor –
scinova@scinova.com.br 

Santa Catarina superou em 2025 a marca de R$ 1,32 bilhão em investimentos anunciados em empresas de tecnologia e startups, segundo levantamento do SC Inova com base nas principais rodadas divulgadas ao longo do ano. O volume consolida o estado como um dos polos mais relevantes do país em atração de capital privado, reunindo mega-aportes, investimentos estratégicos e rodadas em estágios iniciais.

Há, ainda, operações relevantes cujo valor não foi divulgado ao mercado, o que indica que o montante total é ainda maior. Um exemplo é o investimento da gigante norte-americana Databricks na startup Indicium, de Florianópolis — empresa que, no ano anterior, havia captado uma rodada de US$ 40 milhões voltada à expansão internacional.

Apesar do número expressivo, a distribuição desse capital não é homogênea. Considerando apenas os três maiores aportes anunciados em 2025 (Starian, PX e Paytrack), eles respondem por cerca de 85% do volume total noticiado pelo SC Inova, evidenciando um alto grau de concentração.

O principal movimento do ano foi o aporte de R$ 640 milhões da General Atlantic na Starian, isoladamente o maior de 2025 e um dos mais relevantes da história recente do ecossistema catarinense. Trata-se de um investimento típico de late stage, com foco explícito em expansão acelerada e estratégia de aquisições — um sinal claro de que empresas de Santa Catarina começam a operar no mesmo patamar de grandes plataformas nacionais de software.

ESCALA NACIONAL E EFICIÊNCIA OPERACIONAL

Os aportes na joinvilense PX (R$ 250 milhões) e na Paytrack (R$ 240 milhões), de Blumenau, reforçam outra característica central do ano: o interesse do capital por negócios com capacidade comprovada de escala nacional. Em ambos os casos, são empresas posicionadas em infraestruturas críticas de eficiência operacional — logística, mobilidade e gestão financeira corporativa.

O volume investido indica uma preferência clara dos investidores por modelos B2B, com receita recorrente e alto potencial de integração a cadeias produtivas mais amplas. Esse perfil aponta para um ecossistema que passa a formar empresas menos dependentes de ciclos de hype e mais conectadas a problemas estruturais do mercado brasileiro — e que, no médio prazo, tendem a assumir o papel de consolidadoras, incorporando soluções complementares por meio de aquisições.

CRESCIMENTO COM ESTRATÉGIA

Em um patamar intermediário, os aportes de R$ 70 milhões na Involves e R$ 50 milhões na Next Fit ilustram um movimento igualmente relevante: o uso do capital como ferramenta de crescimento estratégico, e não apenas de expansão orgânica.

No caso da Involves, o investimento viabiliza aquisições fora do país, indicando que empresas catarinenses começam a enxergar o mercado latino-americano não apenas como destino comercial, mas como território de consolidação. Já a Next Fit reforça a tendência de verticalização e ganho de escala em nichos específicos de software, ampliando presença e profundidade de produto.

AVANÇOS E LIMITES DO ECOSSISTEMA

Este cenário — que não necessariamente representa o total de investimentos em empresas catarinenses em 2025 — oferece, ainda assim, uma leitura reveladora sobre o momento do ecossistema. O volume evidencia a capacidade de Santa Catarina em formar empresas relevantes, atrair capital institucional e sustentar operações em estágio avançado. Ao mesmo tempo, a forte concentração desse montante em poucas rodadas de grande porte expõe limites estruturais que seguem presentes.

Como já apontado em análises anteriores do SC Inova, o ecossistema avança em maturidade, mas ainda encontra obstáculos importantes quando o debate se desloca para escala global, profundidade do mercado de capitais e recorrência de grandes exits. Em 2025, boa parte do capital esteve direcionada a empresas já consolidadas ou em fase clara de expansão, enquanto as rodadas intermediárias — especialmente aquelas que conectam o early stage à Série A — seguem mais raras e dependentes de articulações pontuais.

Esse desequilíbrio ajuda a explicar por que, apesar do volume expressivo de investimentos, a transformação desses aportes em ciclos consistentes de internacionalização, aquisições globais e reciclagem de capital ainda ocorre em ritmo lento. O desafio deixa de ser apenas atrair recursos e passa a envolver a construção de um ambiente capaz de sustentar trajetórias longas de crescimento, com acesso contínuo a financiamento, talentos e mercados externos.

Ainda que Santa Catarina mantenha sua capacidade de produzir empresas competitivas e relevantes, o panorama que se desenha é claro: o próximo salto do ecossistema dependerá menos de casos isolados e mais da capacidade coletiva de destravar capital, escala e ambição global de forma sistêmica.

TOP 10 INVESTIMENTOS 2025:

EMPRESAAPORTE
StarianR$ 640 milhões
PXR$ 250 milhões
PaytrackR$ 240 milhões
InvolvesR$ 70 milhões
Next FitR$ 50 milhões
AsaasR$ 35 milhões
VAASR$ 20 milhões
NektR$ 5 milhões
LoopiaR$ 3,7 milhões