Evento promovido pela Vesper Ventures, que aposta em negócios de biotecnologia avançada, reuniu startups e investidores para discutir alternativas para a produção sustentável de alimentos e terapias de saúde inovadoras. / Fotos: Divulgação
[FLORIANÓPOLIS, 28.09.2023]
Redação SC Inova, com informações da Assessoria de Imprensa
Dezenas de cientistas, empresários e investidores estiveram em Florianópolis nesta semana para um encontro de deep biotechs promovido pela Vesper Ventures, venture builder que aposta em startups de biotecnologia avançada. O Annual Meeting foi na sede da empresa, no Espaço +UM, nos dias 25 e 26.
Entre os palestrantes convidados, nomes de peso como Dr. Jorge Kalil, professor Titular e Chefe de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP e Membro da Academia Brasileira de Ciências; Dário Guarita, cofundador da ECOA Capital e Presidente do Conselho Urbem; Rogerio Vivaldi, CEO da Sigilon Therapeutics, Inc. e membro do conselho administrativo da Crinetics Pharmaceuticals; Geraldo Berger, VP e Head of Regulatory Science Latam da Bayer Crop Science; Alberto Back, sócio-fundador do MercoLab Laboratórios; e Jefferson Gomes, diretor de tecnologia e inovação do SENAI.
Julio Moura, cofundador e chairman da Vesper Ventures, abriu o evento explicando o impacto das mudanças climáticas na economia global e a oportunidade que isso representa. “É neste cenário que as biotechs se destacam, pois oferecem aos investidores a possibilidade de investir em propósito, gerar impacto e ainda fazer um bom negócio”.
A Vesper Ventures já investiu e ajudou a estruturar sete startups com propósito de colaborar com soluções disruptivas para problemas globais. “Investir em biotech é diferente. É apostar em uma empresa que pode ficar seis anos sem gerar receita, mas que está desenvolvendo um ativo que pode valer US$ 1 bilhão de dólares ou mais depois”, revela Gabriel Bottos, CEO da venture builder. A empresa usa um modelo que consiste em buscar projetos de impacto e dar todo o apoio necessário para que os cientistas possam focar no que são bons enquanto a Vesper cuida da parte da estruturação da startup. A venture builder conta ainda com outros quatro sócios: Pedro Moura, Julio Moura, Rafael Bottos e Jonas Sister.
No centro do debate do primeiro dia, dedicado ao agronegócio, o dilema: como alimentar oito bilhões de pessoas sem prejudicar o meio ambiente? Para isso, três biotechs voltadas ao desenvolvimento de soluções disruptivas para o agronegócio expuseram suas inovações e tecnologias: InEdita Bio, Symbiomics e Reddot Bio.
Ex-professor da Unicamp e CEO da InEdita Bio, Paulo Arruda explicou o potencial da edição genômica para uma produção agrícola com um menor impacto ambiental. Segundo o especialista, até 2050, será preciso aumentar em 25% a produção de alimentos por conta do crescimento da população. “Com a produtividade atual, precisaríamos plantar 70 milhões de hectares a mais só de milho e soja. Mas hoje estamos falando em reduzir o desmatamento, então, como fazer isso? Uma das soluções passa por ter safras com maior produtividade – ou seja, produzir mais no mesmo ou menor espaço”, explica. A plataforma desenvolvida pela startup promove a edição genômica (não-transgênica) de sementes – pequenas modificações no gene, capazes de desenvolver plantas mais resistentes a pragas e doenças sem o uso de pesticidas químicos.
Ao falar da Symbiomics, Rafael de Souza, CEO e um dos fundadores da startup, abordou a importância dos microrganismos para também resolver esses problemas. Um dos exemplos do cientista foi o uso dos fertilizantes nitrogenados. Segundo Souza, cerca de 70% do químico não é absorvido pela planta e acaba perdido, contaminando o lençol freático. “O impacto das aplicações gira em torno de US$ 10 bilhões/ano. Porém, existe um microrganismo capaz de se associar à raiz da planta e fornecer a ela o nitrogênio disponível no ar, evitando o uso da ureia. Com um microrganismo, podemos mudar o mundo”, afirma. Todo esse segmento, segundo ele, está avaliado em US$ 12,4 bilhões de dólares e pode chegar a 30 bilhões em 2028.
Já as soluções da Reddot Bio estão contribuindo, inicialmente, para o setor da avicultura. Segundo Rafael Bottos, fundador e CEO da startup, a Reddot desenvolveu uma tecnologia capaz de reduzir drasticamente o tempo de detecção precisa de patógenos em animais e alimentos. No caso da salmonella, a detecção é 10 vezes mais rápida. Em humanos, um dos alvos será o HPV. Tudo com uso de solução in loco, sem necessidade de grandes estruturas laboratoriais.
INOVAÇÕES NA ÁREA DA SAÚDE
O segundo dia do Vesper Annual Meeting 2023 foi dedicado à saúde. Como destacou o CEO da Vesper, existem hoje 7 mil doenças raras no mundo, muitas sem tratamento – a terapia para um câncer incurável é estimada em cerca de US$ 2 bilhões. Já os custos para a economia global com câncer e Alzheimer, por exemplo, somam quase U$ 30 trilhões, segundo levantamentos internacionais recentes.
Neste setor, quatro startups brasileiras estão na vanguarda: a Vyro Biotherapeutics, que usa a biotecnologia para criar tratamentos de saúde revolucionários baseados na utilização do zika vírus modificado por engenharia genética; a Aptah Biosciences, que realiza pesquisas de novas terapias de RNA voltadas para o tratamento de doenças relacionadas ao envelhecimento, especialmente cânceres e doenças neurodegenerativas; Futr Bio, focada no desenvolvimento de vacinas de mRNA de próxima geração para prevenir e curar doenças como infecções e cânceres; e Cellertz Bio, que tem como objetivo principal a identificação dos alvos genéticos através de inteligência artificial para desenhar terapias potenciais e alcançar resultados terapêuticos sem precedentes.
“Uma inovação disruptiva é aquela que muda algo radicalmente, que altera o padrão atual e gera um efeito cascata significativo. E o que é mais interessante é que a maior parte dessa inovação na medicina ou nas ciências da vida não veio de grandes empresas, mas dos pequenos participantes desse campo, como as startups de biotecnologia que temos aqui. E é preciso fomentar isso, investidores e governos, para que o Brasil cresça nesse setor cada vez mais e finalmente ocupe o seu devido lugar na economia global”, afirmou Dieter Weinand, chairman do board da Aptah Bio e da Replimune, e ex-CEO da Bayer Pharma AG.
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