São mais de 24 milhões de brasileiras desenvolvendo seus negócios movimentando a economia do país. Em sua maioria sozinhas.
[08.03.2021]
Por Vanessa Resende, CEO da Benvou
Basta uma breve troca de experiências entre mulheres para percebermos que, mesmo com a nossa pluralidade, os desafios são muito parecidos. E quando se trata do mundo das startups, predominantemente masculino, há padrões que se repetem e algo que chama a atenção: a necessidade de capacitação e psicologia feminina.
A educação é basilar para qualquer profissão. A capacitação e o empreendedorismo andam juntos. As mulheres, quando entram nesse universo, pensam duas vezes antes de continuar. Os motivos são diversos. Algumas duvidam de sua capacidade, comparam-se com os homens, ou acham que dependem deles para angariar parcerias e investimentos. Outras precisam de uma estrutura que não possuem: são mães, não têm apoio dentro de casa, sofrem com privações do seu companheiro. E tem aquelas que possuem a capacidade técnica, mas não sabem empreender, gerir ou escalar, e se unem com outras pessoas que acabam comandando o negócio, porque elas não sabem ser líderes.
De acordo com uma pesquisa realizada em 49 países, o Brasil é o sétimo país com maior número de mulheres empreendedoras.
Os dados também mostram que há uma desistência maior no caso das mulheres. A conversão de “empreendedoras” (mulheres que têm um negócio, formal ou informal, visando ter o próprio negócio) em “donas de negócio” (aquelas que estão à frente de um negócio, como empregadoras ou por conta própria) é 40% mais baixa que a do público masculino. São mais de 24 milhões de brasileiras desenvolvendo seus negócios movimentando a economia do país. Em sua maioria sozinhas.
Segundo o relatório especial Empreendedorismo Feminino no Brasil, do Sebrae (2019), as mulheres trabalham menos horas no negócio (18% menos que os homens), e 25% trabalham no domicílio, contra apenas 6% dos homens. Em casa, sabemos que elas se dividem entre o próprio negócio e afazeres domésticos ou cuidados com os filhos. Por isso, uma estrutura de apoio é tão importante na busca por equidade.
Portanto, quando o assunto é inovação, tecnologia e economia criativa, ainda há muito a ser explorado e um longo caminho até que tenhamos representatividade e diversidade nesses setores. Sou mãe, empreendedora, mentora e sei como é difícil conciliar tudo e ainda se capacitar.
Quando entrei nesse universo, tive que aprender muita coisa sozinha. Estudava à noite, assistia a vídeos no YouTube. Mas também tive apoio de muitas pessoas que me ajudaram a chegar onde estou. Percebi que temos que aplicar a resiliência tão forte na nossa vida pessoal, quanto na profissional.
Temos que ter um propósito claro, mas acima de tudo, precisamos de aptidão para executarmos nossas ideias.
Por isso iniciativas como o Cocreation Lab Mulher – pré-incubadora voltada totalmente para esse público que está sendo lançada neste mês da mulher – são tão importantes. Programas que sejam pensados e adaptados especialmente para as mulheres e suas especificidades são necessárias, pois sabemos que temos uma história diferente dos homens neste mercado. Estamos mudando o comportamento cultural.
Acredito que a formação empreendedora, o apoio técnico e metodológico, e o networking podem mudar esse cenário de adversidades. A pré-incubação prepara os empreendedores em um estágio tão importante para a definição de objetivos e desenvolvimento de negócios de sucesso.
LEIA TAMBÉM:
SIGA NOSSAS REDES