A tecnologia pode melhorar a segurança nas cidades?

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A tecnologia pode melhorar a segurança nas cidades?

Empresas com foco em inovação de Santa Catarina iniciam “road shows” para apresentar a lideranças públicas e forças de segurança tecnologias de inteligência de dados para monitoramento urbano.

Empresas com foco em inovação de Santa Catarina iniciam “road shows” para apresentar a lideranças públicas e forças de segurança tecnologias de inteligência de dados para monitoramento urbano. / Foto: Divulgação (Dígitro)


[FLORIANÓPOLIS, 04.05.2023]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br 

Câmeras de reconhecimento de estresse, cercamento digital, análises preditivas de comportamento, alertas de pânico em tempo real… diversas tecnologias estão sendo desenvolvidas e aplicadas no mercado de maneira a levar dados e inteligência à segurança (especialmente em ambientes públicos) nas cidades. 

Mas os recentes casos de ataques a creches e escolas reforçam a necessidade do uso de inteligência, dados e tecnologia na segurança pública. Levantamento recente aponta o registro de 54 vítimas fatais de atentados em escolas no país, sendo onze delas em Santa Catarina – o que levou o governo de SC a anunciar que irá colocar um policial armado na frente das 1.053 escolas públicas do estado como forma de “tranquilizar” a sociedade.

No polo de inovação de Santa Catarina, empresas que desenvolvem soluções para o setor iniciaram uma série de road shows reunindo forças de segurança e gestores públicos (secretários municipais, estaduais, prefeitos, legisladores) para mostrar os avanços tecnológicos na área e cases já em implantação pelo estado, indicando soluções inteligentes para evitar crimes e outras ocorrências.

“Temos sim uma crise de segurança, especialmente no ambiente escolar. Mas quando autoridades e gestores públicos falam de tecnologia, citam soluções internacionais, como se as soluções pros nossos problemas estivessem lá fora”, argumenta Octavio Carradore, diretor de Relações com o Mercado da Dígitro, empresa catarinense que tem forte atuação na área de inteligência e comunicação no setor público. Essa visão levou empresas do ecossistema catarinense a criarem então um road show para apresentar soluções e cases a gestores e representantes de forças de segurança. Também participam da iniciativa empresas como Kenta, Toccato, HikVision, Digifort, Unifique e Global Drones.

O primeiro desses eventos foi em Florianópolis, no final de abril, e reuniu cerca de 60 pessoas, entre representantes do setor público e também privado. “A ideia é mostrar o que a tecnologia nacional é capaz de entregar, até porque já estamos fazendo isso em várias cidades do Brasil”, detalha Carradore.

Em Saudades, Oeste de Santa Catarina, a creche que foi palco de uma chacina em 2021 (com cinco vítimas fatais, sendo três crianças) recebeu uma série de tecnologias de monitoramento e segurança para evitar outras ocorrências. Como os sensores de reconhecimento de estresse nos visitantes (que identifica pelo rosto noções de humor), cercamento digital, cadastramento de vizinhos, entre outros. 

OBSTÁCULOS PARA ADOÇÃO TECNOLÓGICA

“Ainda temos muitos sistemas obsoletos nos órgãos públicos, cidades que usam câmeras analógicas em sistemas que são quase impossíveis de extrair dados para tomar decisões. Além disso, temos o problema de sistemas de rede com roteadores antigos que não transmitem imagem. É preciso investir em conectividade e integração de dados com tecnologia”, comentou ao SC Inova Fabrício de Melo Carniel, diretor técnico e comercial da Coringa, com sede em São José (SC) e que atua com implantação de sistemas de segurança – a empresa tem 80% do share de mercado no setor público. 

Para ele, os governos têm dificuldade de conhecer as novas tecnologias para segurança pública, embora “temos percebido que principalmente os governos municipais estejam buscando recursos e identificando necessidades”. Em Bombinhas, litoral norte de SC, a cidade implantou uma série de sistemas, entre eles reconhecimento veicular e facial, para suprir uma demanda tanto econômica (em função do turismo) quanto social (segurança pública). 

É um sinal de mudança de mindset? Até pode ser, mas o problema é mais estrutural, avalia Octavio, da Dígitro. “As lideranças escutam as empresas, dão acesso para montar projetos, mas o processo de contratação precisa evoluir, é difícil para a inovação nacional. Depois ainda tem o processo de integração e utilização, até chegar nas tecnologias propriamente ditas”, resume.