Smart Energy: como as transformações do mercado e do consumo de energia vão impactar a economia do futuro

Voce está em :Home-Cidades Inteligentes, Negócios-Smart Energy: como as transformações do mercado e do consumo de energia vão impactar a economia do futuro

Smart Energy: como as transformações do mercado e do consumo de energia vão impactar a economia do futuro

A digitalização e as inovações tecnológicas já estão criando novos modelos de negócio mundo afora, como destacam especialistas e executivos ouvidos pelo Grupo de Cidades Inteligentes

A digitalização e as inovações tecnológicas já estão criando novos modelos de negócio mundo afora, como destacam especialistas e executivos em debate promovido pelo Grupo de Cidades Inteligentes.  / Imagem: ICT Labs/Berlin 


[25.04.2021]
Por Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
 

O setor elétrico nacional vai passar por grandes transformações ao longo desta década.

O contexto passa pela modernização do setor, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia, que publicou em fevereiro deste ano, o Plano Decenal de Expansão de Energia  (PDE) 2030. Com isso, o futuro do mercado de energia passa pelo avanço no uso de novas matrizes, renováveis e sustentáveis, e a consolidação de oferta de novos serviços aos consumidores e a indústria. 

As tendências de “smart energy” foram o tema debatido pelo Grupo de Cidades Inteligentes (GCI) do fórum executivo WTC Curitiba, Joinville e Porto Alegre, em live e em encontro fechado com participação de especialistas, executivos, empreendedores e lideranças do mercado. Os encontros marcaram também a apresentação do novo presidente do Grupo, o empresário Sandro Vieira, CEO da Smart Green Tecnologia.    

“As transformações já estão acontecendo com foco na digitalização e inovações tecnológicas”, comenta Luiz Fernando Leone Vianna, diretor do Grupo Delta Energia e um dos convidados do encontro sobre Smart Energy. “Há uma convergência tecnológica no setor de energia (big data, IoT, fontes renováveis, Inteligência Artificial) ao lado de tendências irreversíveis como descarbonização, descentralização e digitalização”, resume Vianna. “De um lado, o empoderamento dos consumidores seguirá forte, enquanto de outro lado, o movimento de mudança estará fora do controle absoluto das grandes empresas e até mesmo dos reguladores.  

As novas tecnologias direcionam para a descentralização e a redução acelerada no custo de energia. Com isso, explica Vianna:

  • A energia do século 21 será cada vez mais digital e descentralizada, permitindo que as inovações cheguem ao consumidor no varejo. Atualmente, este público de “consumidores livres” é de 10 mil usuários, mas que deve ultrapassar a marca de 85 milhões de pessoas em alguns anos; 
  • A energia do século 21 se baseia nos “recursos energéticos distribuídos” (REDs), ativos leves com implementações rápidas, conexões simples, programáveis e inteligentes. Isso vai dar mais independência ao consumidor para escolher como irá utilizar a energia;
  • A gestão do sistema no futuro mudará o perfil de receitas das empresas geradoras e distribuidoras: a demanda por serviços aumentará progressivamente e o faturamento com energia e capacidade vão perder espaço; 
Tendência do mercado da energia no futuro: mais receitas com serviços e conexão direta entre sistemas de comunicação, mobilidade urbana e poder do consumidor

“A energia elétrica tenderá a ser vista como um serviço, Energy as a Service (EaaS), o que vai levar a uma reinvenção por parte dos agentes e o surgimento de um novo mercado para atender os consumidores”, ressalta o especialista.

A expansão das energias renováveis é um dos vetores dessa transformação. E há opções em franco crescimento – e utilização por diversas indústrias e setores econômicos – que vão além da energia solar e eólica. É o caso do uso do hidrogênio, ressalta Emilio Hoffmann Gomes Neto, diretor de Operações América Latina da H3 Dynamics e que também foi um dos convidados do evento do Grupo de Cidades Inteligentes. 

“O uso do hidrogênio como energia começou nos anos 1960 para projetos aeroespaciais como Apollo e Gemini, mas a matriz praticamente deixou de ser usada nos anos 2000. Agora há uma demanda de mercado pelo hidrogênio verde, que se conecta com outras fontes renováveis como solar, eólica e os biocombustíveis”, ressalta. Nos últimos anos, o setor de transporte (trens e caminhões) e logística (empilhadeiras de centros de distribuição como Amazon e Wal-Mart) estão começando a utilizar o hidrogênio como alternativa energética. 

“Apesar do custo estar em queda, o hidrogênio ainda não está competitivo para mobilidade urbana e carros de passeio, mas sua característica de alta densidade de energia, eficiência térmica, ruído baixo e emissões mínimas, quase nulas, de poluentes, tornam uma alternativa para veículos pesados e a cadeia logística”, detalha Emilio. Para ele, o mundo ainda sequer descobriu o potencial do hidrogênio como combustível – o que deve ser uma questão de tempo. 

“O contexto de cidades inteligentes vai além de soluções urbanas. Quando a indústria e outros setores utilizam fontes energéticas renováveis, cria-se uma cadeia de sustentabilidade que impulsiona outros mercados e inovações, seja em nossos hábitos, na economia ou na qualidade de vida das cidades”, complementa Sandro Vieira, presidente do GCI.  

PROJETOS DE SMART ENERGY AVANÇAM NAS GERADORAS E DISTRIBUIDORAS DA REGIÃO SUL 

Em live sobre o mesmo tema, organizada pelo Grupo de Cidades Inteligentes, diretores das companhias estatais de energia do Paraná (Copel) e Santa Catarina (Celesc), destacaram como a inovação está chegando aos consumidores dos dois estados. Em comum, o desenvolvimento de uma rede de eletropostos para recarga de carros elétricos em importantes rodovias e a progressiva troca dos medidores convencionais de energia por modelos inteligentes que serão a base dos serviços de smart energy do futuro.

No Paraná, por exemplo, a BR-277 – que liga o porto de Paranaguá a Foz do Iguaçu – já conta com uma rede de 12 eletropostos que dão autonomia a viagens com automóveis elétricos de Leste a Oeste do estado. “O objetivo é, nos próximos anos, ampliar essa rede pelos países do Mercosul”, aponta o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Copel, Cassio Santana, um dos convidados do encontro.

Em Santa Catarina, desde 2018 o estado conta com uma rede de cinco eletropostos na BR-101 Norte (Florianópolis, Porto Belo, Blumenau, Araquari e Joinville) e, segundo o diretor de Gestão Corporativa da Celesc, Pablo Cupani, novos postos devem ser ativados em breve em regiões como o Sul e Planalto Serrano, ampliando a cobertura elétrica para veículos na região Sul.

Para Cassio, da Copel, “não se pode falar em cidades inteligentes sem pensar na questão energética”, por isso a estatal está investindo mais de R$ 800 milhões no maior programa de redes elétricas inteligentes do Brasil, incluindo 151 municípios paranaenses. Com a troca dos medidores, a companhia consegue fazer “atendimentos cirúrgicos” para resolver problemas no circuito, gerando agilidade e confiabilidade na prestação de serviços aos consumidores. “Isso nos novos caminhos para nosso projeto de inovação aberta, focado em três eixos: mobilidade elétrica, smart homes e home storage (armazenamento de energia em unidades residenciais)”, resume o diretor.

Em Santa Catarina, um programa semelhante começou a ser executado no município de Araranguá. “O sistema vai comunicar problemas à Celesc por rádio e nos dará um raio-x do consumo das unidades. Isso permite uma gama de novos serviços, que é a tendência de futuro, como a disseminação do uso de paineis solares”, ressalta Pablo. No estado, há 22,3 mil unidades consumidores utilizando os paineis para mini geração de energia, com uma potência instalada de 334 megawatts. 

Na visão de Sandro Vieira, do GCI, “o propósito destes encontros é justamente promover um cruzamento de experiências, gerando não só conhecimento mas relacionamento com foco em ampliar a competitividade dos negócios na região Sul, alinhados às demandas do futuro e das tendências de inovação”. 

A íntegra da live sobre Smart Energy está neste link:  https://www.youtube.com/watch?v=PIVJiCNxUXg&t=15s 


Conteúdo produzido para


LEIA TAMBÉM: