“Empresas tradicionais precisam assumir o risco de investir em algo novo”, diz presidente do ExcelênciaSC

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“Empresas tradicionais precisam assumir o risco de investir em algo novo”, diz presidente do ExcelênciaSC

Com o projeto Circuito de Inovação, o Movimento Catarinense de Excelência quer aproximar executivos de grandes empresas do estado à cultura inovadora das startups e dos novos negócios

Com o projeto Circuito de Inovação, o Movimento Catarinense de Excelência quer aproximar executivos de grandes empresas do estado à cultura inovadora das startups e dos novos negócios

A partir da próxima quinta-feira (09.08), o Movimento Catarinense de Excelência – iniciativa mantida por empresas, entidades e profissionais do estado com objetivo de desenvolver a competitividade da economia local – inicia um projeto chamado Circuito de Inovação, um roteiro de “imersão” de empresas mais tradicionais e familiares, de diversos setores, aos conceitos e práticas comuns no mercado de tecnologia e inovação. A primeira parada será nas Resultados Digitais, a maior das startups que se desenvolveram em Florianópolis nesta década.

“As empresas precisam valorizar cada vez mais o trabalho de desenvolvimento de novos produtos e assumir o risco de investir em algo novo, o que nem sempre é fácil de fazer em organizações com mais anos de existência ou familiares”, afirma Maria Carolina Linhares, presidente do ExcelênciaSC, que tem entre os mantenedores entidades como Fiesc, Fecomercio, Sebrae e empresas de grande porte como Aurora, Irani Celulose, Ultragaz e Engie.

Segundo ela, o Circuito é uma evolução do Comitê Temático de Inovação, criado em 2016 e que reúne executivos da indústria, comércio e serviços. Até então, o grupo se resumia à apresentação de cases e discussão de experiências. A partir de agora, chegam à parte prática, com as visitas a empresas que se destacam por iniciativas de inovação e cidades com ecossistemas industriais fortes, como São Paulo, Joinville e Jaraguá do Sul, em uma programação que encerra em novembro.

Nesta entrevista exclusiva ao SC Inova, a presidente do Excelência SC conta como foi o processo de levar a cultura de inovação a empresas mais tradicionais.

SC INOVA – Como surgiu a ideia de levar o conceito de inovação ao Movimento Catarinense de Excelência?

Maria Carolina Linhares – Começamos como o Comitê Temático de Inovação, um embrião deste Circuito. Foi em 2016, com o propósito de reunir executivos de empresas de diferentes segmentos, indústria, comércio e serviços para debater o tema. Na primeira edição, por exemplo, produzimos uma cartilha com resumo bem simplificado das discussões. O material buscava mostrar características que a organização deveria cultivar para poder atuar mais intensamente com inovação, o que incluía aspectos como comprometimento da direção, estabelecimento de um clima que incentiva a participação das equipes no processo, tolerância ao erro, entre outros.

Muitos identificam de forma equivocada a inovação apenas com a tecnologia da informação ou a novidade. Claro que a tecnologia transformou essa realidade e precisa ser levada em conta. Mas o desenvolvimento de novos produtos e processos ocorre nas startups (é a base de sobrevivências dessas companhias, diga-se), mas também na grande agroindústria, no supermercado, na agência de comunicação. Levantar a bandeira e disseminar essa ideia eram os objetivos que seguimos perseguido hoje.

SC INOVA – Como o ExcelênciaSC pretende se aproximar das novas empresas, especialmente startups?

Maria Carolina Linhares – A programação deste ano contempla a visita aos ecossistemas de inovação de Florianópolis e São Paulo, onde certamente teremos contato com startups importantes e interessantes. Mas a maior parte do trabalho será desenvolvida com empresas de perfil diferente – várias delas já bastante maduras. Não temos por enquanto um modelo que nos aproxime especificamente de um tipo de organização. Mas é inevitável que a discussão da inovação nos aproxime das startups.

Grandes corporações, com bilhões de faturamento e décadas de atuação em segmentos os mais diversos, apostam nelas como parceiras preferenciais para oxigenar a organização ou como “pontas de lança” em ações específicas para abertura de novos mercados ou desenvolvimento de produtos capazes de transformar o mercado. Não há como discutir inovação, portanto, sem esse contato.

SC INOVA – Esta iniciativa envolve outras ações, além das visitas? Por exemplo, algum evento?

Maria Carolina Linhares – Nessa fase estamos limitando o Circuito às visitas e apresentação de cases. O intercâmbio de ideias segue durante o ano, com grupos que possibilitam o contato direto entre os participantes. O sucesso do Comitê nos levou à criação do Circuito, que teve seu formato definido em um processo de co-criação com os próprios participantes do grupo inicial. Nos próximos anos por certo teremos formatos inovadores para esse projeto – mas como optamos por envolver os participantes nas decisões, não tenho como dizer no momento o caminho que vamos seguir.

Santa Catarina é um estado com empresas muito inovadoras e nos enche de alegria participar desse movimento e ver que teremos de ampliar nosso projeto para dar conta de tudo o que é preciso conhecer.

Temos uma série de arranjos produtivos locais que estimulam o surgimento e o crescimento de empresas inovadoras – caso do que ocorre em torno da Acate em Florianópolis e de grupos semelhantes em Joinville e Blumenau.

SC INOVA – O que vocês consideram como pontos prioritários para desenvolver novas iniciativas de inovação em SC?

Maria Carolina Linhares – A inovação depende de uma série de fatores – e diversos deles são abundantes em Santa Catarina. O estado tem boas universidades e a qualidade de vida atrai profissionais bem formados de outras regiões, o que garante a oferta de mão de obra. Além disso, temos diversas organizações que servem de modelo para quem busca inovar e que impulsionam o mercado. Por certo vou esquecer nomes importantes, mas cito a Resultados Digitais e a Softplan em Florianópolis; a Aurora, em Chapecó; a Eliane, no Sul; a Cidade Pedra Branca, em Palhoça; a Weg, a Duas Rodas e a Marisol, em Jaraguá do Sul; a Mueller, em Timbó; a Senior, em Blumenau, e a Whirlpool-Embraco, em Joinville.  

Também é muito importante observar que temos uma série de arranjos produtivos locais que estimulam o surgimento e o crescimento de empresas inovadoras – caso do que ocorre em torno da Acate em Florianópolis e de grupos semelhantes em Joinville e Blumenau. Também a FIESC, o SEBRAE e a Fecomércio, parceiros do Circuito de Inovação, levam essa ideia a seus públicos.

Há, portanto, diversos fatores externos que estimulam a inovação entre as empresas. O fundamental é que esse movimento seja acompanhado e reforçado internamente nas organizações. As empresas precisam valorizar cada vez mais o trabalho de desenvolvimento de novos produtos e assumir o risco de investir em algo novo, o que nem sempre é fácil de fazer em organizações com mais anos de existência ou familiares, caso de muitas empresas catarinenses. O Circuito e o trabalho do ExcelênciaSC buscam justamente levar esse movimento já muito forte entre as empresas de tecnologia até as companhias de outros segmentos, que têm muito a ganhar com a inovação.