Smart City Expo Curitiba: “o engajamento do governo com o cidadão deve ser digital e conversacional”

Em um dos primeiros paineis do principal evento de Cidades Inteligentes do país, especialistas e gestores públicos listam desafios e compartilham ideias sobre como trazer inovação a governos e população. / Foto: Agência SC Inova

[CURITIBA, 22.03.2023]
Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br

O principal palco de debates sobre Cidades Inteligentes no Brasil deu a largada nesta quarta-feira (22), no Centro de Eventos Positivo (Parque Barigui), com a edição 2023 do Smart City Expo Curitiba, encontro que encerra na sexta (24) e deve reunir mais de 12 mil pessoas, com participantes de 26 estados do país. 

Na verde e ecológica capital paranaense, que se consolidou como um case de urbanismo desde os tempos em que o arquiteto Jaime Lerner foi prefeito (especialmente nas gestões dos anos 1980/1990), maisde 120 palestrantes e moderadores debatem tendências, boas práticas e, principalmente, os desafios dos gestores públicos para atender uma população cada vez mais digital. 

Em um dos primeiros paineis do dia, secretários municipais e especialistas abordaram como a tecnologia está transformando a forma dos governos funcionarem. Para Marcelo Facchina, executivo do CAF – Banco de Desarrollo da América Latina, há uma série de desafios para governança pública na América Latina: desde a infraestrutura de governo obsoleta, altos níveis de informalidade, excessiva burocracia, alto risco de corrupção e pouca capacidade de investimento. 

“O engajamento com o cidadão deve ser digital e conversacional. E nem estou falando do ChatGPT, que traz uma demanda exponencial para os governos. A resposta do setor público passa não só por tecnologias, mas por abordagens integradas, como desenvolvimento de talentos internos e capacitação para digitalização de serviços”, destaca. A expectativa de interação dos consumidores com empresas online cresceu de 56% em 2020 para 61% em 2022, segundo o estudo State of the Connected Customer, da Salesforce. Enquanto isso, a interação offline em dois anos caiu de 44% para 36%. 

Assim como no setor privado, diz Marcelo, “não há talentos suficientes para promover a transformação digital na velocidade e escala exigida. Inovacao aberta, apoio ao desenvolvimento de gov techs e parcerias público-privadas são essenciais”. 

AVANÇO DIGITAL FORÇADO PELA PANDEMIA

Muitos municípios brasileiros avançaram na utilização da tecnologia pressionados pela demanda dos cidadãos por serviços online a partir da pandemia, há três anos. O secretário de Administração, Gestão de Pessoas e TI da prefeitura de Curitiba, Alexandre Jarschel de Oliveira, comenta que, há poucos anos, comparou os processos de comunicação no setor público da cidades a feudos. “Tudo era comunicado por ofícios, sem nenhuma integração. Antes do governo fazer uma transformação digital, é preciso desenvolver uma profunda mudança cultural, quebrar muros e interagir entre todas as secretarias”, destaca.

Entre os avanços recentes do município (considerado em rankings como o Connected Smart Cities o mais “inteligente” do país) na área digital estão a centralização de serviços online, como o e-cidadão, Minha Prefs, Check-in Curitiba – no qual os habitantes fazem check-in em eventos e ajudam o poder público a monitorar os espaços – e a instalação de mais de 300 pontos públicos de wi-fi na cidade. 

Organizado pelo iCities, hub brasileiro de negócios em cidades inteligentes, com chancela internacional da Fira Barcelona e apoio da Prefeitura de Curitiba e do Vale do Pinhão, o evento tem patrocínio da Arlequim, Intelbras, Indra/Minsait, Sebrae, São Paulo Negócios, Governo do Paraná e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O SC Inova, por meio do canal Cidades Inteligentes, é media partner do SCEC 2023 e vai publicar nos próximos dias reportagens com os destaques do evento.