A metáfora do “tubarão no tanque” serve para o universo corporativo: uma maneira e fugir, de maneira consciente ou não, da zona de conforto. / Foto: Moon (Unsplash)
[24.08.2022]
Por Filipe Colombo, vice-presidente Administrativo Financeiro da ADVB/SC e CEO da Anjo Tintas
No mundo dos negócios, é muito comum utilizar-se de histórias e metáforas para passar mensagens importantes. Por isso, hoje vou lhes contar uma história que aconteceu nos anos 1980, quando a indústria pesqueira do Japão notou um problema que vinha acontecendo. Com o passar dos anos, os peixes estavam cada vez mais distantes da costa, pois o país tem um alto consumo de peixes em seu cardápio. Para solucionar isto, tornou-se necessário construir embarcações maiores e viajar por mais dias para ter acesso aos grandes cardumes.
Essa parte foi de fácil solução. Os navios foram construídos, as viagens foram realizadas e os peixes foram encontrados, porém um novo desafio emergiu. Como os dias de viagem eram mais longos, os peixes já não chegavam tão frescos como antigamente e isso prejudicou a qualidade e fez com que o consumo caísse. Novamente foi criada uma solução: construir navios ainda maiores e colocar tanques de água dentro dos navios para que os peixes chegassem vivos à costa.
A ideia parecia boa, mas não deu certo. Os peixes chegavam sim frescos, mas o gosto não era o mesmo, pois, dentro dos tanques, com comida à vontade e sem predadores naturais, esses peixes ficavam parados, preguiçosos e inativos, e isso mudava o sabor da sua carne.
Foi neste momento que surgiu uma ideia que inicialmente parecia um absurdo. Colocar pequenos tubarões nesses tanques, para que os peixes se sentissem ameaçados e se movimentassem constantemente em busca de sobrevivência durante a viagem. Logo vieram as objeções de que muitos peixes morreriam no trajeto e isso poderia não valer a pena. Mesmo assim, algumas empresas decidiram testar a ideia. O resultado foi que, sim, alguns poucos morriam no caminho, mas o sabor e frescor estavam de volta e o consumo voltou a crescer.
Eu escutei esse caso no início da minha vida como gestor e nunca mais esqueci. Mesmo tendo acontecido do outro lado do mundo, e com um segmento de mercado totalmente diferente do que eu atuo, essa se transformou em uma excelente metáfora para o mundo corporativo. Todas as empresas precisam permanentemente de tubarões no tanque.
O que isso quer dizer? Todas as empresas, principalmente as já estabelecidas no mercado acreditam que tem seu futuro garantido e terão uma vida longa e próspera. Mas isso não existe mais. É preciso se reinventar o tempo todo e estar aberto ao novo, ao diálogo, a novas soluções antes não pensadas. Basta ver alguns exemplos atuais como Uber, Spotify e Netflix. Cada uma destas empresas transformou a forma como as pessoas dialogam com transportes, músicas e filmes.
A metáfora do tubarão também serve para as pessoas dentro das empresas. A grande maioria de nós, busca trabalhar em ambientes seguros, cercado de pessoas que pensam semelhante, assegurando o mínimo possível de contradições e desconforto. É a busca, consciente ou não, pela zona de conforto. Da mesma forma que os peixes dentro dos tanques, esse comportamento nos transforma em “peixes preguiçosos”, quando o que realmente precisamos é dos “tubarões” que pensam diferente e que nos desafiam.
Tubarões geram inquietude, receio e preocupação. Eu sei que parece ruim, mas são os tubarões que criam um ambiente de desafio constante que faz com que nós como indivíduos, como times e como organização, possamos evoluir e nos desenvolver.
Para finalizar, minha dica é: tenha um tubarão em sua vida!
*A Associação de Dirigentes de Marketing e Vendas de Santa Catarina é parceira editorial do SC Inova no canal Inovação & Gestão, com artigos publicados quinzenalmente pelos diretores da entidade.
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