8 de Março: os movimentos de ascensão feminina já chegaram ao ambiente de tecnologia e inovação? Elas respondem

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8 de Março: os movimentos de ascensão feminina já chegaram ao ambiente de tecnologia e inovação? Elas respondem

Como empreendedoras e profissionais do setor avaliam avanços e desafios para ampliar a participação das mulheres em um mercado historicamente dominado pelos homens.

Como empreendedoras e profissionais do setor, como Paula Lunardelli (foto), avaliam avanços e desafios para ampliar a participação das mulheres em um mercado historicamente dominado pelos homens. / Fotos: Divulgação


[FLORIANÓPOLIS, 08.03.2020]
Redação SC Inova com informações de Assessorias de Imprensa

A baixa representatividade de mulheres no mercado de tecnologia é um dos pontos mais sensíveis quando se analisa o desenvolvimento do setor em Santa Catarina. Entre os fundadores das 15.794 empresas de TI do estado, três em cada quatro sócios são homens, aponta o estudo Tech Report, da Acate. Para reduzir essa desigualdade – especialmente entre empreendedores e em posições de liderança nas empresas – surgiram nos últimos anos diversas iniciativas para estimular e fortalecer a presença feminina em um mercado historicamente dominado pelos homens.

Mas estas iniciativas (como Anitas, Grupo Mulheres Acate, Technovation, PyLadies, Mulheres de Produto, Tech Power, entre outras) já estão de fato fazendo alguma diferença no ecossistema de inovação catarinense?

“O movimento de ascensão feminina começa a ganhar espaço sim, mas há muita distância ainda. No segmento de tecnologia e construção, onde atuo, sinto essa distância principalmente para trocar ideias de alta gestão”, reflete Paula Lunardelli, CEO da Prevision e diretora da Vertical Construtech da Acate. 

“Me chama atenção o fato de que são poucas as mulheres que ocupam cargos executivos (C-Level)”, reforça Michelly Dellecave, cofundadora da Pulses – plataforma de pesquisa contínua de clima organizacional, engajamento e performance. Para ela, as iniciativas de fortalecimento feminino no ambiente corporativo “já está presente nas empresas de tecnologia e inovação, sobretudo em startups, que se preocupam em construir times com diversidade”.

No entanto, as vagas que as mulheres mais ocupam, “ainda são muito ligadas ao marketing, atendimento e sucesso do cliente. É muito difícil encontrar mulheres para os cargos de tecnologia, como desenvolvedoras por exemplo”. Justamente onde está a maior parte das vagas de trabalho abertas. 

“Me chama atenção o fato de que são poucas as mulheres que ocupam cargos executivos”, analisa Michelly Dellecave, cofundadora da Pulses. / Foto: Divulgação

A especialista em gestão de pessoas Daiane Andognini, CEO da Hug – consultoria de gestão de pessoas e formação de cultura de empresas de tecnologia – aponta que nas organizações em que ela atua as mulheres ocupam somente 8% das posições de liderança. Em contrapartida, ela diz que é crescente o número de empresas que estão cultivando a cultura da diversidade. 

“De maneira geral elas são respeitadas pelo conhecimento de igual para igual. Depende muito da cultura da empresa e do modelo mental dos líderes principais. Há uma tendência que esse movimento seja cada vez mais homogêneo para todos os gêneros, afinal a diversidade potencializa o processo de inovação. Mais do que a característica de gênero, é importante que as lideranças percebam a necessidade de influenciar e desenvolver pessoas como um papel da sociedade”, avalia. 

“O meu discurso é sempre de igualdade”, comenta Paula. “Eu nem penso nesse assunto, quando eu sento em qualquer mesa ou fazendo qualquer apresentação, eu nunca penso que eu sou mulher e a outra pessoa é homem, são pessoas com competências falando sobre assuntos sobre os quais têm bastante domínio. Acho que os preconceitos estão dentro das pessoas”. Ela destaca o crescimento do grupo temático Mulheres Acate, que se reúne mensalmente em encontros abertos não só às empreendedoras associadas mas também a profissionais do mercado e estudantes.   

Para a gerente de marketing da Ahgora, Milena Alvarez, “a construção desse movimento não diz mais respeito às mulheres apenas”. / Foto: Divulgação

“Quando você entende a importância dessa união, você começa a ser um agente transformador e contribui para empoderar mulheres para acreditarem nelas mesmas e serem resilientes quando falamos em um assunto tão enraizado e natural na nossa cultura que é o machismo. É muito gratificante ver a construção de um movimento que não diz mais respeito à mulheres apenas. Muitos homens são aliados na busca por esse reconhecimento e encaram lado a lado a evolução das mulheres nas empresas de tecnologia”, destaca Milena Alvarez, gerente de Marketing na Ahgora