Como a Rede de Investidores Anjo, em um ano, se consolidou em SC

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Como a Rede de Investidores Anjo, em um ano, se consolidou em SC

O que tem atraído cada vez mais investimentos de empresários e executivos da área de tecnologia em Santa Catarina? Bolsa, mercado imobiliário, bens de luxo?

Nada disso! Startups.

Em apenas um ano, 35 investidores se juntaram à Rede de Investidores Anjo (RIA) SC, iniciativa conjunta entre a Anjos do Brasil e a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) para atrair e conectar potenciais investidores a startups catarinenses, das mais embrionárias a outras um pouco mais maduras. Em 2016, primeiro ano de atividades do grupo, foram realizados quatro fóruns em que 16 startups apresentaram seus modelos de negócio em busca de recursos. Metade das participantes, oito, receberam aportes ao longo do ano, seja por meio da própria rede (25%), de investidores solo (25%) ou por programas de aceleração, governo e family office. O valor médio investido nestas startups foi de R$ 220 mil.

“O núcleo Santa Catarina foi a regional de maior destaque entre todos os estados onde a Anjos do Brasil atua”, afirma Marcelo Cazado, líder da RIA SC.

A Anjos atua em 15 regionais pelo país. A intenção para 2017 é ganhar abrangência estadual. “Há investidores de diversas localidades como Chapecó, Itajaí e Tubarão, o que gera a demanda por uma rede estadualizada, forte para aproveitarmos oportunidades de investimento em quaisquer cidades do estado”, explica. No ano passado, a RIA já participou de eventos pelo estado, como a Rodada de Negócios InvestVille, em Joinville, e outros em Criciúma e Chapecó.

Cazado, líder da RIA, apresenta os dados de 2016. Regional SC foi o maior destaque da Anjos do Brasil no ano / Foto: Divulgação/ACATE

As primeiras investidas por meio da RIA SC foram a Conpass, que desenvolve um sistema de tour interativo para ampliar as taxas de conversão e vendas em plataformas web, e a GeekHunter, responsável por uma plataforma que auxilia empresas a contratar talentos na área de TI. O total investido nas startups foi de R$ 600 mil.

Perfil dos investidores

Economista com experiência em multinacionais, Cazado foi um dos primeiros angels a atuar no mercado de tecnologia local ao criar, em 2007, o grupo Floripa Angels. Em uma década, o setor cresceu de maneira exponencial: o número de empresas do setor em Santa Catarina passou de 1,5 mil para 3 mil entre 2008 e 2016.

“O perfil do investidor-anjo que atua no Estado é de empresários bem-sucedidos da área de tecnologia ou executivos e ex-executivos de grandes empresas que buscam aportar dinheiro e, principalmente, capital intelectual às novas empresas inovadoras. Para eles, é gratificante contribuir com empreendedores visionários e apaixonados, além de promover a geração de empregos e o dinamismo tecnológico”, resume.

Mas que sinais o mercado dá para que outros investidores escolham o mercado das jovens empresas de tecnologia?

Casos recentes de exit, como a compra da catarinense Axado pelo Mercado Livre em 2016, que gerou um retorno de 426% em pouco mais de três anos à gestora do fundo de investimentos (a também catarinense Bzplan), apresentam um cenário de maior maturidade no venture capital e estimulam novos negócios.

“É mais difícil encontrar startups de alto potencial do que investidores”, compara Cazado.

“No caso das startups, é necessário investir no longo prazo na formação de jovens talentos. O capital, por sua vez, é volátil e migra rapidamente para onde estão as melhores oportunidades de remuneração”.

Os riscos podem ser reduzidos quando feitos em conjunto com outros investidores-anjo, que possuem diferentes experiências profissionais, e em um portfólio de startups. Por isso, além da conexão com as startups, os encontros da rede trazem palestras com especialistas – outros investidores mais experientes, escritórios de advocacia especializados na área de inovação, por exemplo – além de networking entre os próprios participantes. Ele recomenda aos investidores selecionar um conjunto de 10 a 12 empresas num período de três a quatro anos, como forma de diversificar a carteira.

“Estamos num processo de amadurecimento deste tipo de investimento. Tanto investidores e empreendedores estão se familiarizando com o assunto, realizando seus primeiros investimentos e, no médio prazo com as saídas de sucesso destes investimentos, o mercado catarinense tendo a se consolidar e tornar-se referência Brasil. Além da RIA SC, temos alguns fundos de investimento atuando localmente geridos pela Bzplan, Cventures e Criatec/BNDES, que atuam em parceria para aportar recursos financeiros e gestão às startups mais promissoras”, resume Marcelo Cazado.